Morre Bruno Covas, prefeito com extenso histórico pró-LGBT

Vítima de câncer, tucano fez gestão com várias ações a favor da cidadania arco-íris

Publicado em 16/05/2021
Bruno Covas na parada gay - LGBT
Tucano na parada do orgulho LGBT São Paulo de 2018. Em sua fala, compromisso em apoiar a causa LGBT

Morreu neste domingo 16 em São Paulo o prefeito Bruno Covas (PSDB), que possui extensa lista de fatos e ações pró-LGBT, inclusive presença nas marchas do orgulho, algo raro no Brasil para prefeitos.

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O político tinha 41 anos e lutava, desde 2019, contra câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e linfonodos.

Sua última internação ocorreu em 2 de maio. Na tarde da sexta 14, o Hospital Sírio-Libanês informou que seu estado era irreversível.

Ele deixa um filho, Tomás, de 15 anos. Com a moarte, o eleito vice-prefeito em sua chapa, Ricardo Nunes (MDB), que estava como mandatário em exercício, assume definitivamente a Prefeitura.

No tempo em que esteve à frente da prefeitura paulistana, o tucano colecionou fatos e ações positivas para a cidadania LGBT.

Em maio de 2018, um mês após assumir a Prefeitura, deixada por João Doria (PSDB) para concorrer ao Governo do Estado, Bruno Covas assinou o decreto 57.559, que passou a permitir uso de nome social de transexuais e travestis nas lápides dos cemitérios da cidade.

Em junho, o Guia Gay São Paulo apontava um caso raro: Covas foi à 22ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. A ação era e ainda é incomum: pouquíssimos prefeitos de capitais já frequentaram marchas LGBT. 

O apoio de Covas era consecutivo: no ano anterior, ele já havia estado no mesmo evento, representando a Prefeitura já que o então prefeito João Doria tirou o feriado da parada para viajar com a família.

No fim de 2018, Covas visitou a Casa Florescer, abrigo destinado a pessoas trans criado pelo assistente social Alberto Silva e conversou com algumas das residentes do espaço.

"As próprias moradoras relataram um pouco da realidade vivenciada. Afinal, todas estão construindo outras possibilidades", contou Alberto, na ocasião, ao Guia Gay.

Ainda no mesmo mês de dezembro, Covas entregou prêmio antiaids a 17 marcas gays. A iniciativa foi pensada para prestigiar estabelecimentos e festas que se preocupam com a prevenção ao HIV.

Em março de 2019, uma polêmica. O Movimento Brasil Livre (MBL) sugeriu que Covas tinha um caso com seu secretário Gustavo Pires. As insinuações teriam partido como crítica à nomeação de Alê Yousseff como secretário de Cultura. 

Um mês depois, o então coordenador de Políticas para LGBTI Ricardo Dias afirmou ao Guia Gay que Covas lhe deu carta branca para prosseguir com as políticas idealizadas e implementadas.

Uma das intenções era ampliar o Transcidadania, programa que oferece capacitação e renda mensal para pessoas trans, criado no governo Fernando Haddad (PT).

Em junho, Covas criticou indiretamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante coletiva da parada LGBT. Dias depois, ele foi pelo terceiro ano seguido à marcha arco-íris representando a Prefeitura.

Em janeiro de 2020, Covas sancionou lei que criou a Praça Marielle Franco, na zona norte da capital.

No mesmo mês, ele deu aval para  a Lei 17.301, que pune discriminação a LGBT na cidade. Moradores da capital, no entanto, já podiam recorrer a uma lei estadual, de 2001, promulgada por Geraldo Alckmin (PSDB), que trata do mesmo tema.

Em junho, o prefeito gravou mensagem especial para edição virtual da marcha LGBT de São Paulo, em que falou que trabalharia sempre pela cidadania LGBT. 

Para atrair eleitores conservadores, nas eleições de 2020, Covas se uniu a Ricardo Nunes, com grande ligação à bancada religiosa.

Em setembro, o Guia Gay foi o primeiro veículo LGBT a apontar que Nunes tinha passado de luta contra pautas trans

No programa de governo, decepção. Covas não citou o termo LGBT nenhuma vez e falou apenas de "respeito à diversidade" de forma aleatória.

Ainda no primeiro turno, em novembro, Covas assinou termo de compromisso pela cidadania LGBT, proposto pela Aliança Nacional LGBTI+. A iniciativa foi seguida, já no segundo turno, pelo seu então rival, Guilherme Boulos (Psol).

Por fim, em balanço de gestão Doria-Covas (2017 a 2020), o Guia Gay diagnosticou que 50% das promessas ao segmento LGBT foram cumpridas, e com avanço na área.


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