Em 2 de outubro de 2016, os tucanos João Doria e Bruno Covas foram eleitos em primeiro turno, respectivamente, prefeito e vice-prefeito de São Paulo com duas promessas específicas a LGBT. Ao fim do mandato, neste mês, constata-se que a dupla cumpriu apenas uma delas, mas que avançou em outras frentes.
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No plano de governo da chapa do PSDB, estavam como objetivos específicos ampliar tanto o Transcidadania, programa que oferece bolsa de estudos para pessoas trans, quanto a rede dos centros de referência LGBTI, serviço que oferece apoios jurídico, social e psicológico.
O primeiro item foi cumprido logo no primeiro ano da gestão, quando o prefeito ainda era Doria, que sairia do cargo em 2018 para ser candidato vitorioso ao governo do Estado. No seu lugar, assumiu Covas.
Em 2017, de acordo com dados oficiais, o número de vagas no Transcidadania subiu de 175 para 200, e depois, para 240. O programa foi criado com 100 vagas, em 2015 pelo prefeito Fernando Haddad (PT).
Como o plano de governo não estipulava quantidade, a promessa já poderia ser dada como cumprida. Entretanto, foi feito outro crescimento.
Neste mês, a dias do fim do mandato, houve o maior incremento já visto no Transcidadania: o número de vagas saltou para 510.
Por outro lado, o caminho no que diz respeito à rede de atendimento de apoio a LGBT foi sinuoso e acabou sem cumprimento da promessa.
Doria encontrou quatro centros de cidadania (Centro, Zona Leste, Zona Sul e Zona Norte) e o Centro de Referência e Defesa da Diversidade.
Ao invés de aumentar, houve ideia de diminuir a rede. A prefeitura quis fechar o Centro de Referência, pois sua atuação geográfica era igual ao do centro de cidadania no coração da cidade.
Entretanto, a gestão do serviço, que é o mais antigo do município no atendimento a LGBT, fez campanha e conseguiu evitar o encerramento.
Como forma de distribuir melhor o atendimento pela cidade, a estratégia de Covas foi transferir o centro da cidadania do centro para a Zona Oeste, o que foi concluído apenas em outubro deste ano.
Neste processo, a cidade ficou, por alguns meses, sem uma unidade de atendimento.
Ao fim e mesmo sem a ampliação, São Paulo continua sendo a cidade com maior rede de atendimento LGBT do Brasil em número de serviços públicos municipais.
Outras frentes
Para além do plano de governo, Covas finaliza o atual mandato e entra no próximo, para o qual foi reeleito, com outras ações voltadas a LGBT. Uma delas foi a criação da segunda unidade da Casa Florescer.
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O serviço é o primeiro e maior do Brasil em acolhimento de pessoas trans. Com a ampliação, a capacidade dobrou, foi de 30 para 60 indivíduos.
Além disso, foi criado o Centro Cultural da Diversidade, no Itaim Bibi, zona oeste, proposta inédita no Brasil como política pública municipal.
Covas também sancionou lei municipal proposta por Sâmia Bomfim (PSOL) e do vereador Reis (PT) e que pune atos discriminatórios por orientação sexual e identidade de gênero.
O mandatário é forte apoiador da questão LGBT. Ele esteve presente como prefeito nas paradas do orgulho LGBT de 2018 e 2019 e gravou mensagem para edição virtual do evento em 2020.
Em 2019, apenas outros dois prefeitos de capitais fizeram o mesmo nas suas cidades: Alexandre Kalil (PSD), de Belo Horizonte, e Álvaro Dias (MDB), de Natal.
Para a segunda gestão, Covas assinou termo de compromisso com a cidadania arco-íris feito pela entidade Aliança Nacional LGBTI+.
Dentre as promessas estão zelar pela laicidade do Estado e vetar projetos de lei discriminatórios contra LGBT.