Espetáculo bom dialoga com qualquer público, mas não é exagero ou limitação definir como gays ou LGBT os que atingem mais profundamente os dilemas arco-íris. E nesse âmbito São Paulo foi um prato cheio de opções em 2014.
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Eleita pelos leitores do Guia Gay São Paulo como a melhor peça do ano, Amor Indébito, de Júlio Cesar Gomes, falou da solidão e da dificuldade de superar uma paixão que deixou marcas. Apoiado em excelente trabalho de atores, o espetáculo é exemplo fiel de como a dor pode ser universal, qualquer que seja a orientação sexual ou identidade de gênero.
Inédito até então nos palcos brasileiros, Gotas D'água sobre Pedras Escaldantes ganhou montagem sob direção de Rafel Gomes que ficou à altura do longa de mesmo nome conduzido e escrito pelo mestre da obsessão e perversão no cinema, Rainer Werner Fassbinder.
Dentre os dramas, também merecem destaque Dark Room, texto curto e não-linear calcado na boa performance de Murilo Effe, que muitos conhecem pela sua personagem drag nas boates como Natasha Rasha, e Não Conte a Ninguém, de Ricardo Corrêa, que foca naquele momento crucial e excruciante do descobrimento da orientação sexual na adolescência com a originalidade de ser quase um musical.
Falando nessa seara, dois grandes ídolos LGBT da música brasileira ganharam montagens nos palcos. Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz, o Musical, de João Fonseca, emocionou pela mimetização de Emílio Dantas no compositor de Exagerado. Cássia Eller contou, também sob forma de musical, a trajetória da cantora que mesmo apenas que tenha tido sucesso comercial em vida por poucos anos, deixou legado incontestável à nossa cultura.
Outro ícone gay, mas internacional, retratado nos palcos foi o dramaturgo e poeta Federico Garcia Lorca na tour de force do ator Washington Luiz, que comprou os direitos de Marica, do argentino Pepe Cibrían, e mostrou os últimos momentos de vida de Lorca . Que venham mais projetos como esses em 2015!
