Abre no próximo dia 25, às 17h, uma nova exposição no Museu da Diversidade Sexual: é Tempero da Carne, de Julio Leão.
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A exposição integra a 3ª Mostra Diversa, que acontece a cada dois anos e tem como objetivo abrir espaço para novos artistas e suas propostas, novas experiências relacionadas à diversidade sexual, traçando um panorama atual da produção artística sobre a temática.
Tempero da Carne convida o público para uma viagem multisensorial por meio da variedade de corpos artistas e corpos (ainda) com tabus, e suas histórias, que passaram por momentos de troca e sensações, junto ao artista visual Julio Leão.
Com pessoas temperadas da cabeça aos pés com açafrão, colorau, curry, cravo, canela, louro, coentro, cominho, pimenta, páprica e noz moscada, e evidenciando os mais variados tons, aromas e sabores, o projeto artista faz uso da metáfora de que nosso corpo é a carne e os temperos são as camadas de sabor e realce.
Ao se inspirar na montagem coreográfica Canela Fina, de Caetano Soto, apresentada no Teatro Municipal de São Paulo, em 2008, pelo Balé da Cidade de São Paulo, e no entendimento sobre a forma de se interrrelacionar com o próprio corpo na dança e com as outras pessoas - um corpo político - o artista sentiu a necessidade de expressar poeticamente uma indagação sobre a pressão social de adequar-se aos moldes morais e conservadores, partindo da pesquisa dos movimentos e das sensações, com a fotografia e a memória corporal como matéria-prima.
Uma reflexão sobre o fato de estarmos expostos ao consumo para suprir uma fragilidade alheia, inibindo a expressão sincera de cada indivíduo. A obrigação de ser e viver em oposição ao que verdadeiramente somos, diante das diversas questões da autoimagem e da aceitação do próprio corpo. Por meio do confronto pessoal entre como a pessoa se identifica e o que ela expressa, é que a proposta do projeto se estabelece.
"Dia a dia temperamos nossa rotina, ideias e personalidade, camuflando o real sabor da nossa carne crua, em uma tentativa de tornar nossa existência palatável ao outro e nos afastando cada vez mais de quem somos", explica o artista.
"Muitos dos caminhos escolhidos podem subtrair nossos impulsos, oferecendo a ilusão de que assim iremos proteger nossa intimidade e identidade. Tempero da Carne é o que inventamos de nós mesmos para oferecermos aos outros."
Com o desejo de materializar tal invisibilidade, os corpos nus - sem pudores e interferências - Julio convidou até o momento 57 pessoas de diferentes realidades e características para participarem do ensaio fotográfico.
Destes ensaios, escolheu alguns para integrar sua exposição: Ikaro Kadoshi, Guilherme Loverbeck, Jheniffer Oliveira, Tiago Cintra, Naira Gascon, Rodrigo Mancusi e Bruna Pinheiro.
Julio Leão tem em seu histórico como artista experiências marcantes com a dança, o teatro e a fotografia. Desde 2012, utiliza a fotografia como forma de expressão e conexão entre linguagens artísticas, rendendo trabalhos que também propõem importantes reflexões sobre o modus operandi da vida contemporânea.
A exposição fica em cartaz de terça a domingo até 11 de janeiro. A entrada é gratuita. Mais informações estão em nossa Agenda clicando aqui.