Um turbilhão de reações foi provocado por declarações do ator Billy Porter há alguns dias contra a revista Vogue e o cantor Harry Styles, que foi o primeiro homem sozinho a aparecer na capa da publicação e que, além disso, usou vestido, em novembro passado.
Porter apontou a cor e sexualidade do cantor (branca e hétero) como responsáveis por ele ter sido preterido, já que é negro e gay. Tão polêmico quanto: o ator toma para si o pioneirismo da "moda não-binária".
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>>> Billy Porter critica Vogue e Harry Styles por capa e diz ter sido pioneiro
Com 52 anos, uma bela carreira em espetáculos musiciais, a coragem de ser homossexual e soropositivo assumido e reconhecido mundialmente pela série de TV Pose, Porter merece aplausos por sua trajetória - de vida e de carreira - e pode chegar a novos patamares, entretanto, é inegável que a quebra de padrões de gênero não começou com ele.
Na segunda-feira 18, muitas pessoas, sobretudo jovens, lhe davam razão e tinham posts compartilhados e curtidos por milhares de outras no Twitter.
Ao perfil do Guia Gay na mesma rede social, por exemplo, um seguidor questionou quem era Boy George. Incrédulos, devolvemos a pergunta esperando que se tratasse apenas de uma ironia. Não era.
As falas de Porter coincidem com tentativa vazia e nociva que tomou conta das redes, sobretudo a partir de 2019, e muitas vezes é endossada pela mídia: a tentativa de reescrever o passado.
O fato de Billy ter apontado a raça e a sexualidade de Styles não foi por acaso: pretende-se reivindicar um protagonismo negro e homossexual ali.
A realidade, no entanto, mostra que a "carteirada" foi dada à toa. Inúmeras outras pessoas - incluindo negros e gays, além de mulheres, bissexuais e héteros - já brincaram, ousaram e influenciaram muito, mas muito antes de Billy, que deveria usar, isso sim, as sandálias da humildade.
Veja (ou conheça) exemplos de famosos que já quebravam estereótipos nos palcos, discos, revistas e na TV antes mesmo de Billy dar a primeira rodada dele com saia em algum tapete vermelho:
Little Richard (1932-2020) na década de 1970
David Bowie (1947-2016) na década de 1970
Patti Smith (1946-) na década de 1970
Secos & Molhados - Gérson Conrad (1952-), João Ricardo (1949-), e Ney Matogrosso (1941-) na década de 1970
Ney Matogrosso (1941-), da década de 1970 aos dias de hoje
Elton John (1947-) nas décadas de 1970 e 1980
Grace Jones (1948-) na década de 1980
Annie Lennox (1954-) na década de 1980
Boy George (1961-) na década de 1980
Pete Burns (1959-2016) na década de 1980
Prince (1958-2016) na décade de 1980
Dennis Rodman (1961-) na década de 1990
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