Doria não quer mais Museu da Diversidade na Avenida Paulista

Casarão contaria com dois espaços de exposição, café, loja, restaurante e auditório

Publicado em 05/09/2019
João Doria desiste de passar Museu da Diversidade Sexual para casarão na Avenida Paulista
Carasão de 1905 havia sido prometido como sede do museu por Geraldo Alckmin. Foto: São Paulo Antiga

Um dos projetos mais incríveis que a comunidade LGBT de São Paulo já teve na cidade não será, infelizmente, executado.

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O governador João Doria (PSDB) desistiu de tornar o Palacete Franco de Mello (popularmente conhecido como Casarão da Paulista) a nova sede do Museu da Diversidade Sexual.

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Na coletiva de imprensa da 18ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, em 2014, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que a casa, no número 1.919 da Avenida Paulista, seria a nova sede da instituição.

"A decisão valoriza o Museu da Diversidade, que ganhará mais espaço físico para o desenvolvimento de suas atividades em um endereço que é significativo para o tema, já que a Avenida Paulista sempre foi parte do percurso da parada LGBT", disse, no mesmo evento, o então secretário de Cultura do Estado, Marcelo Mattos Araujo.

Em setembro do mesmo ano, o Governo do Estado anunciou edital no valor de R$ 1,1 milhão para o melhor projeto de restauro do casarão.

Um mês depois, o diretor do museu, Franco Reinaudo, revelou que a nova sede contaria com biblioteca, auditório para 200 pessoas, restaurante, café e loja de souvenires.

Um prédio em anexo - de cinco andares - seria erguido junto ao terreno do Palacete, num total de 2 mil metros quadrados de área construída.

Duas exposições seriam exibidas ao mesmo tempo - uma de longa duração e outra temporária - além de parte do acervo da atriz, performer e ícone trans brasileira Claudia Wonder (1955-2010).

A ideia era não só celebrar a cultura LGBT, mas também contar com espaço para exibir a memória do Palacete, construído em 1905 por Joaquim Franco de Mello e tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).

Em dezembro de 2018, o Guia Gay São Paulo apontou que a gestão Alckmin estava no fim e que o projeto não havia saído do papel.

A coordernadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria da Cultura do Estado, Regina Célia Pousa Ponte, nos informou que não havia tido nenhuma alteração em passar a sede do museu para o espaço mas que o órgão ainda não tinha a posse do imóvel.

"Pelo que sabemos, o processo de desapropriação do Palacete está em andamento", disse Franco Reinaudo à reportagem.

Segundo O Estado de S.Paulo, o pagamento de precatórios aos herdeiros do casarão superou R$ 200 milhões no ano passado e a proposta, hoje, é desapropriá-lo e fazer um "processo público de seleção", com modelo ainda em avaliação.

Em agosto, o secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, defendeu que o espaço seja concedido à iniciativa privada por 30 anos.

Em nota, o Governo do Estado afirmou que contratou "manutenção emergencial e o serviço de segurança e vigilância, para proteção" e que o espaço aberto no local terá "caráter cultural, com possibilidade de uso comercial concomitante" para "promover a ampliação da oferta cultural da cidade".

Foi informado também que haverá projeção na fachada do prédio, a partir deste mês, todos os dias entre 18h e meia-noite, nos próximos seis meses.

O museu continua funcionando - desde sua abertura em 2012 - em espaço modesto dentro da estação República (linhas 3 e 4 do metrô). Ele é um dos únicos voltados à comunidade LGBT no mundo.


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