Os conflitos e angústias de pessoas que carregam no corpo a marca da diferença são o tema do espetáculo de dança-teatro Na Pele, que faz temporada no Espaço Redimunho de Teatro a partir de sexta-feira 07.
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Como temos olhado o corpo do outro? Essa é a pergunta que faz o Coletivo Cultural Sankofa, que começou o processo de criação da peça em 2013, mas só neste ano, com a chegada de novos integrantes ao grupo, ganhou o desenho atual.
As cenas foram estruturadas a partir de investigação colaborativa tendo como base as marcas que os corpos carregam. O espetáculo não é encenado de forma linear, mas composto por fragmentos, como se os intérpretes apresentassem depoimentos do próprio público.
"O que nos interessa é causar um desequilíbrio no público para que eles se percebam opressores e oprimidos dentro desta lógica perversa de discursos de ódio e violência", define Anderson Maciel, diretor da peça. "Em uma das cenas uma criança é agredida por experimentar coisas que não deveriam ser pra ela. Aqui, estamos falando do 'policiamento de gênero', ou seja, aquele que terá a função de vigiar e reiterar 'as coisas de menino' e 'as coisas de menina'.
Maciel conta que esté é o primeiro projeto do coletivo que traz questões da população LGBT. "O próprio nome do coletivo (Sankofa ? símbolo adinkra de resgate ao passado) já carrega essa preocupação de que para se entender o presente é necessário entender o passado. A violência a qual a população LGBT é submetida está dentro de um processo histórico, portanto, reconhecer esse processo opressor é importante para pensar possibilidades de desconstrução desses discursos e práticas de ódio", explica.
Manequins, meias-calças, cintas e espartilhos compôem o cenário, assinado pela artista plástica Sissa de Oliveira, com a proposta de ser uma extensão desse corpo demarcado.
O espetáculo fica em cartaz às sextas até 28 de novembro. Mais informações você tem em nossa Agenda.