Com bela roupagem musical, 'Não Conte a Ninguém' foca público adolescente

Publicado em 17/08/2014

Ricardo Corrêa (em primeiro plano) e elenco de 'Não Conte a Ninguém' em cartaz no Espaço Parlapatões. Foto: Douglas Rene.

Marcio Claesen

A descoberta da própria homossexualidade e a consequente saída do armário são um tema tão universal quanto superado, para alguns. Se esse processo é focado na adolescência - quando na maioria das vezes ele realmente ocorre - o desafio é ainda maior para mostrá-lo de forma original.

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Não Conte a Ninguém, da Cia. Artera de Teatro, em cartaz no Espaço Parlapatões, é uma espécie de drama musical que consegue deixar o assunto interessante tanto aos adultos como para os adolescentes.

Para quem já passou dos 20 anos e já viu o tema em diversos outros desdobramentos (há até um longa-metragem peruano homônimo de 1998 com uma outra história, mas abordando o mesmo assunto), os momentos musicais do espetáculo o enriquecem e lhe dão o vigor necessário para deixár o espetáculo atraente.

Ricardo Corrêa e Jessica Drago (que interpretam Deco e Bebel, homossexuais que estão se asusmindo) têm grande alcance de voz e neles é concentrada a maioria das canções. Compostas por Diogo Soares e Thiago Maziero especialmente para a peça, as músicas sublinham belos momentos da produção, enchendo-a de lirismo.

Para os mais jovens, não são as canções, mas sim as poucas piadas, a caracterização exacerbada da tia de Deco (Ana Paula Justino) e as situações inerentes a quem acaba de passar ou está passando por esse processo de aceitação que devem atrair. 

Se os três atores (inclui-se aí Davi Reis, intérprete do melhor amigo de Deco) têm mais idade e Ana Paula menos do que seus personagens pediam, este não é um fator que atrapalha a apresentação. Bons atores podem vivenciar qualquer idade no palco. Chama a atenção, no entanto, o vocabulário refinado demais do protagonista que tem apenas 17 anos.

Davi, também diretor da montagem, optou por um cenário simples, e criou belas cenas que são apresentadas atrás de uma tela. O recurso audiovisual também é explorado e entra em momentos pontuais.

No final, a história de um rapaz que se apaixona pelo professor (o belo Rodrigo Pasquali) e precisa lidar com a tia e os amigos sobre sua homossexualidade soa contemporânea e necessária, especialmente a plateias mais jovens que precisam de apoio a suas decisões.

O espetáculo está em cartaz todas as terças-feiras, até 30 de setembro. Mais informações sobre ele, você tem em nossa Agenda.

 


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