A definição do protesto A Revolta da Lâmpada - Ato pela Libertação de Todos os Corpos - concretizou-se com muito batom, plumas e gritos pela igualdade.
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Realizado no domingo 16, a partir da av. Paulista, número 777, o evento lembrou o ataque homofóbico acontecido no mesmo local há três anos, quando homossexuais foram agredidos com lâmpadas fluorescentes.
A tônica foi o trabalho pela superação da homofobia e no questionamento da visão dual do gênero. Muitos homens estavam vestidos com peças femininas e maquiados. A pauta de reivindicações do ato, lida em pequeno trio elétrico, incluiu legalização do aborto, distinção legal entre liberdade de culto e discursos de ódio feitos por lídereos religiosos e o reconhecimento de outros arranjos familiares além do casamento entre homem e mulher.
A concentração, de onde o ato caminhou pela rua Augusta para terminar com uma confraternização, reuniu centenas de pessoas. A turista Sílvia Agnelo, 53 anos, advogada, passava no local com o marido. Ambos condenaram a homofobia "Esse tipo de violência é absurda, é uma covardia. Não há adjetivos para qualificar esse ódio.", concordaram.
Todos os organizadores se denominavam Janaína Dutra, travesti advogada e ativista cearense já morta. A homenagem foi estratégia para que o coletivo, administrado de forma horizontal, não "alimentasse egos".
Sobre o assassinato a facadas do jovem gay Marcos Souza, horas antes do ato, uma das Janaínas qualificou-o como resultado de uma cultura discriminatória. "É fruto das ideias facistas e higienistas de ocupantes do parlamento e das igrejas."
O casal de namorados Pedro Holanda, operador de caixa, e Anderson Matos, enfermeiro, ambos de 21 anos, foram ao ato para exigir direitos. "Vimos o evento no Facebook, constatamos que era um protesto sério, para exigir igualdade. Por isso estamos aqui."
Sobre carinho em público, eles falam de medo. "Temos receio sim de sermos vítima de agressão, mas não vamos parar de nos beijar e abraçar na rua e no transporte público por isso."
Antes da caminhada, um momento de comoção. No microfone, um dos organizadores leu 14 nomes de LGBT mortos e os participantes diziam "presente".