Figura lendária da noite e marginalidade carioca, Madame Satã é tema do espetáculo Cartas a Madame Satã ou Me Desespero sem Notícias Suas, que ganha três apresentações em São Paulo nesta semana.
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Produzida pela Cia. Os Crespos, a peça mostra um homem, sozinho em seu quarto, que se corresponde com Madame Satã. Trajetórias e casos de amor são revelados por meio de cartas que contêm fragmentos de histórias.
Para o espetáculo, o grupo realizou campanha para receber cartas escritas por homens negros que queria contar suas experiências amorosas. A companhia também entrevistou cerca de 40 homens em presídios e pontos de encontro LGBT.
A importância em abordar este assunto parte do princípio de que os homens, principalmente os homens negros, aprendem desde cedo a serem viris, machos e a eles é negado o direito ao afeto. Então, a clandestinidade passa a ser uma saída para o desejo, mas ainda falta o afeto. "Quando o amor não é mais clandestino em suas vidas, esses homens têm que continuar respondendo a estereótipos de hipervirilidade e ao repúdio da sociedade, como se eles tivessem traindo a raça, a não ser que ele sejam a bichinha", explica Lucélia Sergio, que assina a direção.
As apresentações fazem parte da Mostra Motumbá, evento do Sesc Belenzinho que valoriza a representatividade de matrizes africanas legitimadas por trajetórias de vida e posicionamento sociopolíticos. A atividade será complementada pela oficina "Memória e Ativismo: Práticas para vivência e elaboração de uma poética negra", ministrada pelo ator Sidney Santiago Kuanza, ator do espetáculo e cofundador dos Crespos, entre 14 e 17 de março.
"Cartas a Madame Satã" tem três apresentações entre quinta e sábado. Mais informações você tem em nossa Agenda.
