Por Marcio Claesen
Um dos grupos mais revolucionários das artes brasileiras, os Dzi Croquettes é celebrado no espetáculo homônimo que está em cartaz no Teatro Augusta, em São Paulo.
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Concebido e dirigido por Ciro Barcellos, único membro original da trupe que participa da montagem, a peça acerta em prestar tributo ao grupo de maneira que foge do óbvio e capta a essência desses homens tão desbravadores.
Em vez de contar linearmente como o grupo começou e dar detalhes sobre os integrantes, Dzi Croquettes se propõe a apresentar o que os atores faziam de melhor nos anos 1970: esquetes cômicas e musicais recheadas de piadas de duplo sentido e explorando a quebra dos papéis de gênero.
No palco, Barcellos comanda um elenco de jovens e talentosos atores que provocam a plateia seja com seu humor ou seus corpos seminus e em uma subversão constante de paradigmas, papéis e conceitos - eles fazem da ribalta o seu camarim, por exemplo, travestindo-se ou desnudando-se aos olhos do público.
As referências são muitas. Numa das cenas mais encantadoras, um bolero imortalizado pela voz de Elis Regina é interpretado de maneira sublime por Lucas Cândido enquanto Bruno Gissoni e Rogério Nóbrega dançam suave e maliciosamente.
Em outra, Barcellos se transforma em Carmen Miranda e mostra seu exímio domínio de palco ao comandar brincadeiras com a plateia e com os atores vestidos como vedetes. Há ainda Shakira, Liza Minelli, ponto de macumba remix, sapateado e muitas outras cenas que se interlaçam e mal dão tempo do público se recuperar das gargalhadas ou até das lágrimas.
Para os interessados em conhecer a história dos Dzi, o próprio espetáculo indica o documentário que leva o seu nome e ganha trailer no início da peça. Dirigido por Tatiana Lessa e Raphael Alvarez, o filme de 2009 ganhou vários prêmios e mostra como esse grupo influenciou tantos nomes que conhecemos hoje em plena época da Ditadura Militar e conquistou a Europa.
No palco, fica o deleite de um espetáculo debochado em todos os sentidos da palavra - é libertino e zombeteiro como foi o grupo original. Destaque ainda para os deslumbrantes figurinos assinados por Claudio Tovar, outro membro oriundo da trupe. Para gays, lésbicas, transexuais ou quaisquer pessoas interessadas em algo além do pensamento da "tradicional família brasileira", a peça é imperdível!
Dzi Croquettes está em cartaz às quartas e quintas no Teatro Augusta. Mais informações você tem em nossa Agenda clicando aqui.
