Ranqueada diversas vezes como uma das melhores baladas eletrônicas do País, a D-Edge virou lugar para religião na segunda-feira 10 e tem sofrido muitas críticas.
Proprietário do clube e convertido evangélico há três anos, Renato Ratier achou que era boa ideia transformar o clube em lugar de culto uma vez ao mês.
Na estreia da proposta, na noite da segunda-feira 10, cerca de 150 pessoas compareceram para ouvir pregações de pastores, incluindo da cantora Baby do Brasil.
À certa altura, Baby sugeriu que os presentes perdoassem abusadores.
"Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. Se é briga de família, mãe, filho, pai, perdoa", afirmou a artista ao fazer uma oração.
Em outro momento, um pastor chamado Pedrinho foi recebido com muitos aplausos e disse ter sido travesti na década de 1980, quando trabalhava como prostituta na Rua Augusta, região central de São Paulo.
Ele contou ter contraído uma doença incurável e que pensou em tirar a própria vida. Após uma "intervenção divina", entretato, o homem desistiu do ato e se converteu. Ele disse ser casado há 40 anos e ter três filhos.
Após reportagens em grandes em sites tais como G1 e da Folha de S.Paulo, Ratier se pronunciou na página da boate do Instagram e citou "falas isoladas de convidados" que vão contra aquilo que ele acredita.
"Deixo claro que sou absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação e que todo crime deve ser denunciado e apurado", escreveu.
Ele ainda reforçou que não acredita na chamada "cura gay" e que "essa ideia não existe e jamais fez parte" dos valores dele.
O D-Edge funciona há 25 anos em São Paulo e ficou famoso tanto pela ambientação e projeto de iluminação quanto pelos DJs renomados internacionalmente que já recepcionou na capital.
Com público misto, a casa sempre teve boa frequência da comunidade LGBT, sobretudo nas noites de sexta denominadas de Freak Chic.
Nas redes sociais, muitos criticaram a proposta de culto - que foi abortada por Ratier e não irá mais acontecer - destacando que igrejas evangélicas sempre propagaram ideias como de "cura gay" e de não aceitação de pessoas LGBT.
A própria Baby do Brasil e suas filhas - também evangélicas - têm histórico de falas problemáticas em relação à comunidade.