Revolução gay: Rick Azevedo mexe com o país ao propor fim do 6x1

Tocantinense eleito vereador pelo Psol na cidade do Rio de Janeiro criou movimento para mudar jornada de trabalho

Publicado em 16/11/2024
rick azevedo 6x1 escala gay
Rick não destaca sua orientação sexual e raça: sua fala é com quem trabalha

"Acabar com a escala 6X1 virou o sonho central da minha vida." A frase é de um tocantinense de 31 anos, de classe baixa e gay que, a partir do balcão de uma farmácia, onde trabalhava, criou movimento que tomou conta do Brasil e tem força para transmutar a vida de milhões de brasileiros e o cenário econômico do País de forma radical.  

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Radical como foi a mudança na vida de Rick. Tudo foi intenso e rápido. Até setembro de 2023, há pouco mais de um ano, o Instagram dele era como o de grande parte dos gays: praia, sunga, mãe, companhias masculinas, melhores amigas, sunga, cachorro, academia, falta de camiseta, sunga. 

A partir daí o "tá pago" da academia deu lugar à repetição de "Vida Além do Trabalho (VAT)", nome do movimento que ele fundou, e fim da escala 6x1, na qual um trabalhador bate ponto seis dias na semana e só pode folgar um. 

A maior companhia de Rick a partir daí passou a ser um banner de plástico quase do tamanho dele com aquelas frases e que passou a ser empunhado em porta de shopping, estação de metrô, praças e parada LGBT. 

Tudo começou com desabafos dele no TikTok sobre como ser trabalhador com escala 6x1 o atingia psicologicamente e o impedia de estudar. 

Há 10 anos no Rio de Janeiro, ele já foi auxiliar de serviços gerais, vendedor, frentista e balconista de farmácia. Outra lista grande é a de faculdades que abandonou, como alega, por falta de tempo: enfermagem, marketing e jornalismo.

A dor viralizou e pariu revolução. Sua fala foi acompanhada de milhares de relatos de quem vive do mesmo lado da chamada exploração do trabalho. Rick não sofria sozinho.

A partir daí, grupos de Whatssap e Telegram foram criados e Rick passou a ser a voz de milhares. No meio desse caminho, no início de 2024, ele conseguiu que sua ideia virasse Proposta de Emenda Constituticional (PEC) pelas mãos da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP). 

Aí iguais. Na estratégia e postura política, distintos. Ela se agarrou à ideia-força "vote em trans" e fez carreira política. Rick não! Muito pelo contrário. 

Gay e lido como afrodescendente, ele praticamente não cita tais "lugares de fala" nas mobilizações do VAT nem os elencou na sua campanha vitoriosa para vereador na cidade do Rio de Janeiro. 

Ele foi eleito em outubro pelo Psol com 29.364 votos com campanha que gastou cerca de R$ 60 mil, algo muito barato para os padrões da política nacional. 

Rick não se apresentou como gay, não colocou sua orientação sexual no registro no Tribunal Superior Eleitoral. Deixou o mundo das identidades de lado e focou na defesa da classe trabalhadora. [Não, ele não iria gostar do título dessa reportagem]. 

Disse o jornalista Luíz Müller. "Negro, gay e migrante para o Rio de Janeiro, o candidato fugiu da tendência majoritária na legenda do PSOL de abordar essas identidades e preferiu se declarar em quase todos os vídeos 'um trabalhador explorado no balcão."

Hoje, o gay trabalhador (opa) tem um mandato de vereador a sua espera, celebra mais de um milhão de assinaturas para que o Brasil impeça a escala 6x1 e a troque por algo como 5x2, e seu café da manhã tem o sabor de ter pautado o debate de uma nação de mais de 210 milhões de pessoas. Tem dado aula de política até para Lula, avalia a imprensa. 

Sungas revolucionárias (de novo)!

 

 

 

 

 

 

 


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