Em noite frenética, Meryllin Dhyor é escolhida a Drag Danger 2016

Concurso é tido como grande vitrine e dá R$ 20 mil em prêmios, o maior montante do Brasil

Publicado em 25/12/2016
meryllin dhyor drag danger 2016
Meryllin: apresentação de R$ 12 mil e conquista depois de segundo lugar em 2015

Por Welton Trindade

É um estádio de futebol na partida final do Brasileirão? Em dimensão, é menor. Em vibração, não deve nada! É a final do concurso Drag Danger edição 2016. A disputa é tida como mais importante do Brasil por duas razões: oferece R$ 20 mil em prêmios - o maior montante de todos - e é feita na cidade conhecida como a de shows de drag queens mais produzidos do País. A histeria tinha de ser gigante mesmo! 

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A casa, a Danger Dance Club, na região central, é sempre agitada, com go-go boys, shows de sexo, apresentações de drags, fila de jovens na porta, muitos vindo de cidades da Grande São Paulo ou da borda da cidade.

Mas na sexta 16, a efervescência era maior por conta justamente da final do concurso, vinda de seletivas ocorridas por meses. Cada uma delas com torcidas aguerridas ao ponto de haver "tretas" nas rede sociais por conta de um ou outro resultado. Era apenas um prenúncio dessa decisão de Copa do Mundo, ops, dessa disputa cheia de maneios, produções caprichadas e muito glitter!  

A grande pista e os camarotes ao redor, no piso superior, viraram um grande caldeirão. A apresentadora, a rainha paulistana Silvetty Montilla, incensava o público ao pedir o nome de quem ganharia. Era quase possível sentir o ar se deslocar com os gritos vindos das torcidas de Meryllin Dhyor e Nayara Negretty. Por conta dos pulos, o chão tremia (e não é uma hipérbole isso!).

Dentres os gritos que se revezavam, estavam desde o "Uh, é ABC", por conta das concorrentes da região metropolitana, "Eu acredito", e até o então politizado "Não vai ter golpe"! 

E aqui nada a ver com Dilma, Temer e congêneres. Era defesa de Dhyor com a afirmação que a regra para definir a vencedora - palmas e gritos do público - é que decidiria tudo! (E eles conseguiriam, viu, Dilma?).

Oito concorrentes. As apresentações mostraram que nem todas mereciam estar na final. Entretanto, houve as que honraram o momento, com produções que não incluíram apenas roupas, perucas, dança e cabelo, mas cenários inteiros! Com isso, entre algumas apresentações, um pano preto era estendido para que até 15 pessoas montassem tudo em questão de minutos. A boate virou fundo do mar, lugar da Família Adams, palácio chinês... 

Os gritos por Dhyor e Nayara justificaram-se. Últimas a se apresentarem, ambas vieram com grandes produções e não só! Na performance de Nayara, dezenas de bolas pretas e vermelhas vieram do público e fizeram toda a boate participar do momento. Fãs de Dhyor no camarote estavam com pistola de bolas de sabão, que dominaram o local. 

Ambas têm trajetórias distintas. Nayara não disputava o título há seis anos! Era seu grande retorno. Dhyor foi vice-campeã em 2015. 

A impressão é que, dentre as oito torcidas, a de Nayara era maior. Entretanto, à medida que Silvetty promovia a eliminação das concorrentes que recibiam menos aplausos na avaliação final feita pelo público e, enfim, se chegou às três últimas, houve uma reorganização das forças e a faixa teve Dhyor como destino! 

Claro, ela estava emocionada, mas seu figurinista, Izaque Rodrigues, é quem derramava lágrimas. "Foi muita luta! Uma equipe de 20 pessoas pensando em cada detalhe, sem medir esforços! Ignoramos crise, dificuldades, tudo! E ela venceu!", disse ainda como se mal acreditasse no primeiro lugar. 

Sim, o prêmio para o primeiro lugar é polpudo, R$ 17 mil. Mas não se engane: o dinheiro não se transformará em entrada para um carro ou em tour pela Europa. "Só nessa apresentação final gastamos R$ 12 mil! Fizemos essa loucura porque acreditamos nela e no nosso trabalho", explicou Rodrigues.

O concurso é visto pelas concorrentes e staff como grande vitrine para futuros convites e alavancagem na carreira. E a tentativa é feita sem medidas, como prova Nayara, a segunda colocada e que ganhou apenas R$ 2 mil. "Olhe, não veio o primeiro lugar... Agora, até o carnaval acho que vou trabalhar só para pagar o que gastei aqui", disse já conformada. 

A frustração e a sensação de trabalho realizado eram as bagagens que dezenas levariam para São Vicente, litoral paulista. Trata-se da equipe e dos fãs da drag Rayssa Brevigllierry, que locaram um ônibus para vir a São Paulo. A ideia inicial era ter dois, mas, de última hora, dizem, não foi possível. Quanto foi gasto ao longo de toda a disputa? "Cerca de R$ 30 mil", disse integrante da equipe. "Agora é tentar de novo ano que vem."


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