Sábado, 8 de agosto, 21h40. A casa ainda não abriu. Ao fundo, rapazes de corpos definidos tiram a roupa e vestem o figurino da noite - o qual deixa muita coisa à mostra.
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Em ronda permanente pelo local, uma senhora muito bem maquiada, com cabelo impecável e roupa esvoaçante cuida da posição das mesas, som, atendentes na portaria... É o trabalho de Rey Neves com o glamour de Lady Fama nos preparativos da festa de celebração de uma década da segunda.
Conseguimos uma pausa rápida para uma conversa. "Ah, você sabe, né, transformismo é um sonho nosso. Desde criança brincava com roupas femininas", rememora frente à pergunta sobre ser transformista. A realização do desejo, entretanto, veio tarde. "Só por volta dos meus 43 anos de idade a Lady Fama nasceu. E, agora, são 10 anos de existência."
O nome também está no estabelecimento, o Bar Fama, localizado na região do Largo do Arouche, de propriedade de Rey e conhecido pelas apresentações de rapazes nada inibidos, eleições tais como "Neca de Ouro" e "Melhor Bumbum", e shows de transformistas.
Nos primeiros quatro anos, conta, Lady Fama era caricata. Aos poucos, uma grande mudança ocorreu. "Aí, com o tempo, veio o glamour, o figurino elegante, as jóias, uma senhora fina... ", explica aos risos.
No palco, Lady Fama dedica-se à apresentação de shows no próprio bar e a interpretações de músicas de suas grandes divas musicais, todas brasileiras. "Adoro Fafá de Belém - eu e ela somos paraenses -, Nana Caymmi, Elis Regina, Alcione."
De todas as canções, o que os clientes do bar mais adoram é "Abandonada", de Fafá de Belém. "Ah, o pessoal gosta mesmo. E a própria Fafá já disse que os gays amam essa música, pedem nos shows! E Fafá, com aquela interpretação emocionante dela, realmente, é algo incrível."
Sobre a arte que professa, Lady Fama constata interesse gigantesco no transformismo. "Nossa, cresceu muito desde que comecei até hoje. Cada vez mais gente querendo. Semanalmente, recebo mensagens de homens de todas as idades."
Para quem quiser as luzes do palco, fica o recado que a própria Lady Fama segue como lei. "Ah, não só para transformista, mas para todos os artistas, acho o seguinte: se não for para subir no palco e fazer o melhor, preferível nem subir. Perfeccionismo, sim!."