Jesus Cristo tinha sexualidade, sim! E pode ter sido gay

Publicado em 29/11/2015
jesus cristo gay
Jesus, claro, tinha libido, e mostrou ter relação afetiva forte com um dos seus discípulos

Para o cristão, em Jesus, o Verbo se fez carne. Isso não significa apenas que ele se tornou um ser humano, mas que ele assumiu a condição humana em toda a sua inteireza. Como ser humano, Jesus é um ser, por exemplo, sexuado. Como as religiões cristãs associaram o pecado ao sexo, tornou-se inimaginável a vida sexual de Jesus. Mas, o sexo não é pecado.

Jesus foi concebido sem pecado, mas foi concebido com sexualidade. Com certeza, Jesus possuiu uma libido e uma orientação sexual. Jesus adolescente descobriu a sexualidade, com certeza teve seus momentos íntimos consigo mesmo, se masturbou e teve sonhos eróticos. Não podemos afirmar qual a tendência sexual que Jesus tinha, pois não existe registro histórico conhecido sobre sua intimidade. Jesus pode ter sido heterossexual, bissexual ou homossexual. O que sabemos é que ele se relacionou abertamente e de igual para igual tanto com homens como com mulheres.

Outra certeza até agora é que Jesus não teve um casamento oficial. Se Jesus tivesse se casado, com certeza, este casamento teria sido registrado nas escrituras, afinal, para o mundo judeu, o casamento de um rabino, como Jesus era visto na época pelos seus contemporâneos, não é um ponto negativo e sim positivo.

Não existe ainda, na época de Jesus e das primeiras comunidades, uma mentalidade do clero celibatário ou do celibato como uma virtude. É claro que o fato de Jesus não ter se casado acabou, no transcorrer da história, sendo mitificado, justificando, também, a vida celibatária do clero cristão.

Mas Jesus não é um monge da comunidade de Qumran nem pertence a alguma outra comunidade dos essênios. Seu estilo de vida e sua pregação do Reino de Deus não se encaixam com nenhum destes grupos que vivam uma vida ascética. Jesus não é um asceta. Jesus não possui, por exemplo, o estilo de vida de um João Batista (Lc 7, 33-35).

Seu primeiro milagre foi transformar água em vinho em uma festa de casamento. Ele não prega o jejum e participa de muitos jantares em casas dos chamados pecadores. Jesus sente o que os seres humanos sentem: compaixão, tristeza, angústia, alegria, prazer.

As mulheres sempre fizeram parte da historia de Jesus e estiveram em sua companhia. O que é surpreendente para a cultura da época. Aí as mulheres eram consideradas como inferiores e somente saíam da tutela e da casa do pai para a do esposo. Porém, as mulheres que acompanhavam Jesus não eram muito bem vistas: marginais, viúvas, prostitutas, mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e doenças. Exemplo é Maria Madalena, da qual haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, o procurador de Herodes; Susana e várias outras que o serviam com seus bens (Lucas 8, 2-3).

Uma cena significativa é o encontro com Jesus com a samaritana (Jo 4, 5-30). Jesus, aqui, mantém um diálogo que é um verdadeiro escândalo para os judeus de sua época. Jesus se encontra com uma samaritana e conversa normalmente com ela. Os samaritanos eram considerados hereges para os judeus e, portanto, inimigos.

Mas, o escândalo se torna maior por se tratar de uma mulher samaritana. Os homens judeus não conversavam publicamente com mulheres. E o escândalo se completa com o tema que é tratado nesta conversa. Judeu não conversava temas teológicos com mulheres. Deus não era um tema para as mulheres.

Jesus quebra todos estes tabus considerando a mulher como um semelhante. Mas ensinar mulheres era uma prática comum para Jesus, como, por exemplo, nos mostra o evangelho de Lucas, quando Jesus se encontra ensinando Maria, irmã de Marta, em sua casa (Lc 10, 38-42). As mulheres não somente o seguiam e o serviam, mas muitas se mantiveram fiéis até o seu calvário (Mc 15, 40-41.47).

São também as mulheres as primeiras testemunhas da ressurreição (Mc 16, 1-8). E uma mulher em especial tem o privilégio do primeiro encontro com Jesus ressuscitado: Maria Madalena (Mc 16, 9-11).

Como nós podemos citar todos estes exemplos de relacionamento com as mulheres, não podemos esquecer que o Evangelho de João faz sempre referência a um discípulo que Jesus amava. Na passagem de Jo 13, 22-26, Jesus anuncia que alguém do seu grupo irá traí-lo.

Sabendo, com certeza, de sua intimidade com Jesus, Pedro aproxima-se do discípulo, "daquele que Jesus amava", e pede-lhe para perguntar a Jesus quem seria o traidor. "Ele, então, reclinando-se sobre o peito de Jesus, diz-lhe: Quem é senhor?".

Na passagem de Jo 19, 26, Jesus está na cruz e vê "sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho! Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe! E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa". Por fim, na passagem de Jo 20, 2s, o discípulo a quem Jesus amava é o que chega primeiro ao sepulcro vazio e o primeiro que o Evangelho menciona que "viu e creu".

Ora, por que Jesus teria a preferência por um discípulo em relação aos outros? Esta preferência pode nos levar a crer que Jesus teria uma relação afetiva maior para com este discípulo. Em um ambiente judeu da época, como também nas primeiras comunidades cristãs, isso não seria aceitável, pois os judeus e os primeiros cristãos vivem essencialmente em um mundo heterossexual. Além do mais, para eles, a prática homossexual era algo típico dos pagãos, dos quais tanto judeus como primeiros cristãos querem se diferenciar.

Porém é inegável que entre semitas da época como também dentre povos, hoje, da cultura judaica e árabe, o contato homoafetivo é comum entre os heterossexuais. Mas se tratando de Jesus, um ser que se mistura com pagãos e os chamados pecadores da época, nada é impossível, pois seu comportamento vai além das limitações que os judeus tinham em sua época e mesmo dos novos cristãos que o seguiram posteriormente.


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.