Em 2013, um deputado federal, João Campos (PSDB-GO), causou repúdio em boa parte da sociedade brasileira ao propor projeto de lei que legitimaria o tratamento de homossexuais. Conhecido como "cura gay", o projeto foi arquivado. Já na história de Cura Ele, Cura Ela, no entanto, ele passou no Congresso e conduz o espetáculo, que está em cartaz no Teatro Ruth Escobar.
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Escrita por Daniel Iasi, a peça mostra o deputado Jurandir (Milton Levy) e a esposa socialite Mirna (Patrícia Naves) tentando transformar o filho gay, Felipe (Iasi), em heterossexual. Ao mesmo tempo, eles precisam lidar com a filha Anastácia (Mahara Polido), que sofre de uma doença terminal.
Está feito o paradoxo proposto pelo autor: se por um lado os pais se preocupam em curar o filho atlético, esportista, absolutamente saudável, apenas porque acreditam que sua homossexualidade é uma doença, os dois negligenciam quem realmente sofre com um mal. E tudo é contado com muito sarcasmo e ironia.
"Nenhum tratamento que tome como princípio a sexualidade como uma doença pode ser levado a sério e a risada é uma excelente arma contra esta ignorância vigente. Se dizem que a falta de consciência no País muitas vezes se dá devido à falta de cultura, nada melhor do que criarmos juntos uma reflexão sobre este tema através do teatro", conta o autor.
Surge ainda uma filha lésbica que Jurandir desconhecia. A moça (Carina Porto) recebe uma orientação da terapeuta para que comece a sair com Felipe, seu meio-irmão. O incesto é salvo pelo próprio pai que passa a querer que o filho volte a ser gay. Essa série de situações inusitadas sugere uma reflexão sobre um tema bastante sério, mas de forma leve que só a arte consegue transmitir.
A comédia Cura Ele, Cura Ela tem direção de Carlinhos Machado e está em cartaz todas as quintas-feiras até 27 de novembro. Mais informações, você tem em nossa Agenda.