Casal gay é agredido em restaurante japonês na Rua Augusta

Publicado em 04/08/2014

Uma das regiões mais gay friendly de São Paulo foi cena de uma agressão homofóbica na noite de sábado, 02. O casal Gabriel Cruz e Jonathan Favari foi agredido por um garçom e pelo segurança do restaurante japonês Sukiya.

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Por meio de sua página no Facebook, Gabriel, que é ator, contou que após os dois jantarem, o namorado lhe deu um selinho quando se levantou para ir ao banheiro. "Assim que me vi sozinho na mesa, dois homens me abordaram, um de cada lado, me acuando. Um garçom e outro rapaz que depois identifiquei como o segurança do local, reprimindo, recriminando, e me hostilizando sobre a atitude singela que acabara de cometer", relata.

Os homofóbicos tentaram usar argumentos ultrapassados e mentirosos, segundo o relato de Gabriel. "Esses sujeitos bradavam: 'Não tenho nada contra, mas esse é um restaurante de família; temos que prezar pelo respeito nesse ambiente; tem uma criança na mesa ao lado; vocês tem que procurar um lugar adequado pra fazer isso, aqui não é balada", e um absurdo "desculpa o inconveniente'".

Assim que Jonathan retornou do banheiro, Gabriel foi até à mesa da família que supostamente tinha se ofendido com o beijo e perguntou se havia incomodado. "O pai disse que de maneira nenhuma, que ele não se incomodou em nada. As crianças, supostas vítimas do imensurável indecoro, continuavam comendo suas refeições, indiferentes a quaisquer uns que viessem a se beijar no campo de visão deles".

E continua: "Meu namorado e eu nos beijamos de novo. Foi o suficiente para o garçom usar de desproporcional força física para tentar nos tirar dali. Com um tranco, me separei do meu namorado, e em meio àquela confusão surreal que acabara de se instaurar, vi o garçom desferindo socos na cara do meu namorado. Socos. Meu namorado fez o possível para se defender, enquanto eu e o pai da família, que viera de sobressalto desde sua mesa no fim do salão, tentávamos apartar o brutamontes".

Cena de sangue no japonês
"Sangue pingava do nariz do meu namorado, sangue no rosto, nas mãos, nas roupas, no chão. Liguei para a polícia imediatamente. Tão imediatamente quanto o garçom foi ocultado para o interior do estabelecimento. Tão imediatamente quanto o segurança nos puxou pra um canto e começou a nos ameaçar. 'Você vai querer falar de preconceito aqui? Eu vou quebrar a sua cara', ele me disse. 'Quer que eu tire mais sangue de você?', disse ao meu namorado", conta a vítima.

Quando a viatura chegou, foram todos para a delegacia e o delegado tentou demover o casal de prestar queixa. Os dois esperaram cinco horas ouvindo dos policiais que era melhor fazer um acordo com o agressor e continuar curtindo a noite.

"Apesar do menosprezo com a dor alheia (não, seu policial, não é uma questão de hombridade ferida. É um dever cívico enquanto homem gay agredido levar essa história até as últimas consequências), insistimos."

Gabriel conta que voltaria à delegacia com o boletim de ocorrência o exame de corpo de delito em mãos para requerer a abertura de inquérito por lesão corporal leve e que procurariam uma delegacia especializada "para levar essa história adiante.

"Fica a dor, a indignação, a raiva, a inesperança, a tristeza. Tristeza de ver como a felicidade alheia pode incomodar tanto, e como o nível de 'argumentação' dessa homofobia burra e medonha faz com que eu acredite na involução do ser humano. Tristeza de ver que uma criança é usada como justificativa para o preconceito de adultos vis. Tristeza por se dar conta do desamparo e da sensação de que os mecanismos da justiça não se empenham em fazer nada em nossa defesa. Tristeza. Mas sobretudo fica a gana e a vontade de lutar pra mudar esse mundinho, a garra e a coragem pra botar a boca no trombone, lutar pela penalização desse e de tantos outros culpados que cometem crimes de ódio, fica o sangue nos olhos e os pulmões plenos pra gritar: homofobia não passará!"

Até a segunda-feira, o post do jovem teve mais de 1.500 compartilhamentos. A atitude incansável de Gabriel por divulgar a agresão e tentar a todo custo denunciá-la na Justiça merece nossos aplausos. Ainda que não tenhamos uma lei contra a homofobia, toda violência homofóbica deve ser denunciada.

O Guia Gay São Paulo tentou entrar em contato com o restaurante, mas o telefone estava desligado.


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