Assalto para pagar cirurgia da namorada transexual é tema de filme

Documentário mostra personagens que inspiraram longa 'Um Dia de Cão', sucesso dos anos 1970 com Al Pacino

Publicado em 19/11/2014
John Wojtowicz passou a vida explorando episódio que lhe deu fama

"Que homem assalta um banco para conseguir dinheiro a fim de fazer uma cirurgia para cortar fora o pau de outro cara? Só podia virar um filme" comenta o protagonista de Um Dia de Cão: a Verdadeira História de John Wojtowicz, que integra o 22º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.

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Wojtowicz, também conhecido apenas como The Dog, que dá o título original do documentário, está falando sobre ele mesmo. De tão original, a motivação para o roubo chamou atenção de Hollywood e surgiu Um Dia de Cão (1975), com Al Pacino interpretando o personagem principal.

Mas o que interessa aqui não é o longa de sucesso de Sidney Lumet e sim o personagem que o inspirou. Já nos seus 60 anos, The Dog relembra aquele dia quente de agosto de 1972, quando mobilizou público, imprensa, polícia e autoridades públicas somente porque não aguentava mais o desespero de ver sua amada Liz Eden no corpo no qual não se reconhecia.

No ano anterior, apenas alguns meses depois de se conhecer, os dois se casaram numa cerimônia simbólica, em uma igreja no Village - então centro da vida arco-íris nova-iorquina -, celebrada por padres gays. Nessa época, Wojtowicz, que já havia sido casado com mulher na década de 1960, estava embrenhado no movimento pelos direitos LGBT. Mais para conseguir sexo fácil do que para defender uma bandeira, segundo ele conta.

Só depois de vivendo juntos é que o homem percebeu que a namorada tinha uma grande necessidade da cirurgia de redesignação sexual que a levava a tentativas de suicídio (Liz tem uma versão conflitante sobre esse ponto, mas enfim) e precisava urgentemente dar um jeito de conseguir o dinheiro.

Após o assalto mal-sucedido, Wojtowicz cumpre pena na prisão já como uma celebridade e explora a fama conseguida com o episódio até os últimos anos de vida. Com cara-de-pau sem tamanho, o homem chega a vestir uma camiseta na qual se lê "eu roubei esse banco" em frente ao local e a vítimas que ele havia mantido presas enquanto fala a repórteres.

O filme de Allison Berg e Frank Keraudren explora de forma bem-humorada um personagem que em sua essência é melancólico. Alguém que conseguiu a fama por uma situação limite e tenta mantê-la a todo custo. Um amor tão grande por sua esposa transexual que lhe levou à ruína e à glória ao mesmo tempo.

O documentário passa pela última vez no festival na quinta-feira 20 às 18h30 no Centro Cultural São Paulo - sala Lima Barreto.


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