Vítima de homofobia, prefeito gay pensa em não tentar reeleição

Rafael Freire (PSB), mandatário de Alpinópolis (MG), fez ato para denunciar ataques

Publicado em 20/06/2024
Rafael freire prefeito
Homem chegou a invadir a casa dos pais do prefeito e proferir insultos homofóbicos

Abertamente gay, o prefeito de Alpinópolis (a 320 km de Belo Horizonte), Rafael Freire (PSB), informou, na segunda-feira 17, que não tentará a reeleição por causa da homofobia que enfrenta desde que assumiu o cargo, em 2020.

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Rafael era visto como favorito para as eleições de outubro na cidade mineira. Nas pesquisas de intenção de voto ele aparece com 41,3%. Seu oponente mais próximo, Júlio Batatinha, soma 8,7%. Indecisos são 39,5% e brancos/nulos, 6,7%.

"Nos grupos de WhatsApp, há uma quadrilha que passa o dia todo fazendo piadinhas", lamentou ele ao O Estado de Minas. "E, nesse fim final de semana, fizeram uma música com conteúdo atacando minha sexualidade, dizendo que eu estava tendo um caso amoroso com uma pessoa. Paralelo a isso, colocaram uma foto de um rapaz casado. E olha o prejuízo que a gente tem: uma pré-candidatura com 60% de aprovação."

De acordo com a reportagem, grupo ligado à gestão anterior, liderado por seu rival político Zé da Loja (PSD), foi responsável por canção que circula no WhatsApp.

Na música, falas homofóbicas são entoadas por Inteligência Artificial (IA), fazendo referências ao jeito afeminado e a um suposto romance ligado ao prefeito. "Amor à meia-noite na roça ele revolucionou. O coração do agroboy, o prefeito conquistou", diz trecho da música.

Um homem chegou a invadir a casa dos pais do prefeito e proferir insultos homofóbicos. O autor do ataque foi preso pela polícia. 

"Essa é uma situação que venho sofrendo há quatro anos. Já venho denunciando às autoridades, mas nada foi feito. Sempre me falam: ‘Isso é bobagem, passa por cima'."

Termos como 'viado' e 'bicha' são usados nas fake news envolvendo o mandatário. Ao site O Fator, Freire disse: "Eu cheguei no meu limite".

Após o anúncio, Freire recebeu apoio de prefeitos de diversas outras cidades mineiras pedindo que ele reconsidere e volte a decisão.

"A minha retomada vai depender muito se a violência política e as fake news forem combatidas pelas autoridades", avisou.

"Eu não sou o único gay da minha cidade, mas infelizmente muitos ainda têm medo de revelarem quem realmente são. Eu estou aqui para mudar isso."


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