Considerada a primeira travesti do Brasil, Xica Manicongo pode virar nome de rua em São Paulo.
A proposta, de autoria da vereadora Erika Hilton (Psol), foi aprovada no início do mês pela Câmara Municipal de São Paulo.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem até o início de julho para vetar ou sancionar o projeto de lei.
Se aprovado, a Rua Sem Nome, no Grajaú, na zona sul, será o primeiro logradouro na capital paulista a homenagear uma travesti.
"Xica Manicongo representa a luta das travestis brasileiras pelo seu direito à memória e reconhecimento e por isso é importante homenagear sua luta e existência”, disse na justificativa do projeto a vereadora Erika Hilton (PSOL), segundo a Folha de S.Paulo.
Xica foi descoberta pelo antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB) e decano do movimento LGBT no Brasil.
Sequestrada do Congo, ela foi escravizada no século 16.
Mott encontrou nos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, uma denúncia de sodomia feita em 1591 aos Tribunais do Santo Ofício (a Inquisição).
Vivendo em Salvador, Xica era conhecida como "Francisco". Os documentos a classificam como "membro de uma quadrilha de feiticeiros sodomitas" que se vestia com um pano preso em um nó para frente e como alguém que tinha grande resistência em usar roupas masculinas.
Até o fim do século passado, ela era considerada um homem gay por pesquisadores. Xica foi entendida como travesti a partir da definição da ativista Majorie Marchi, ex-presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (Astra-Rio), já no começo deste século.
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