Um grupo conservador maori (povo indígena da Nova Zelândia) fez protesto em dois eventos LGBT, inclusive na parada do orgulho de Auckland, capital do país. Um evento foi cancelado e a comunidade LGBT entrou em pânico.
Com a tradicional dança haka, os manifestantes tentaram impedir a marcha arco-íris, que precisou de proteção policial, no sábado 15.
Os homens pertenciam à Destiny Church de Brian Tamaki, igreja cristã, e usavam camiseta do Man Up, movimento que pretende empoderar homens incentivando sua masculinidade.
Nas redes sociais, Tamaki felicitou os manifestantes dizendo que a "devassidão na parada já dura muito tempo".
No mesmo dia, outro evento, também organizado pela parada, foi alvo de tumulto pelo mesmo grupo.
Cerca de 30 adultos e crianças ficaram presos em sala em uma biblioteca em West Auckland após o grupo invadir o local (abaixo).
#BREAKING
— ? N ? (@8zal) February 16, 2025
?New Zealand's Maori community ?? protests against seducing children to homosexuality by performing a Haka dance ?? pic.twitter.com/IEhwAd7UiB
Também vestindo camisetas do Man Up, os homens ocuparam o Te Atatu Community Centre dando socos e empurrando pessoas.
O motivo da ira teria sido a contação de histórias feito por um drag king, descrito pelos protestantes como alguém que estava "tentando seduzir mais crianças para seu estilo de vida queer".
O prefeito da cidade, Wayne Brown, condenou as ações.
"Embora eu respeite a liberdade de expressão e o direito ao protesto pacífico, entrar em uma biblioteca do conselho que está lá para todas as nossas comunidades usarem e intimidar a equipe do conselho, voluntários e membros da comunidade que cuidam de seus negócios é completamente fora de linha. Não há absolutamente nenhum lugar para bandidagem", disse em comunicado.
"Auckland é o lar de 1,7 milhão de pessoas de todas as esferas da vida e eu valorizo a diversidade das comunidades que compõem nossa grande cidade. O tipo de comportamento que foi exibido hoje é vergonhoso e inaceitável."
Maori in New Zealand vs. LGBT Pride Paradepic.twitter.com/ahSxQAzJcb
— Mario Nawfal (@MarioNawfal) February 15, 2025
A organizadora do festival e da parada, a Auckland Pride, emitiu nota apenas sobre o ataque à contação de histórias e cancelou apresentação artística que iria ocorrer horas depois.
O pânico na comunidade LGBT foi geral e expresso pelo coletivo ativista.
"Estamos cientes de que tais ações podem ocorrer novamente e incentivamos nossas comunidades a permanecer vigilantes ao organizar e participar de eventos; no entanto, continuamos resistentes diante do ódio e da violência."