ELEIÇÕES 2022
Central de notícias e análises sobre LGBT e os pleitos estaduais e federal deste ano.

Candidata a deputada estadual Neon Cunha quer favelizar a política

Psolista é negra, indígena, trans e servidora pública. Um dos seus focos é a educação

Publicado em 26/09/2022
Neon Cunha: candidata trans ao Governo de São Paulo
Em 2014, Neon pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) o direito de morte assistida 

Servidora pública há quatro décadas e com 52 anos de idade, Neon Cunha é candidata a deputada estadual pelo Psol por São Paulo.

Curta o Guia Gay no Instagram

Nascida em Belo Horizonte e criada em São Bernardo do Campo (SP), Neon se define como mulher, negra, ameríndia e transexual, nesta ordem, de percebimento e importância.

Em 2014, sua luta pela comunidade trans entrou para a história ao pedir à Organização dos Estados Americanos (OEA) o direito de morte assistida caso seu gênero não fosse reconhecido.

Caso eleita, Neon promete lutar por LGBT em situação de vulnerabilidade, para que agentes do estado não mais execute pessoas negras e pelo direito a creche já no pré-natal.

Veja mais de suas propostas em entrevista ao Guia Gay São Paulo:

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que São Paulo avance nesse campo?
Essa campanha tem sido pautada nas pessoas mesmo. Nossa prioridade é pensar no direito para quem ele sempre foi negado. A população LGBTQIAPN+ que está em situação de vulnerabilidade é uma das prioridades por aqui. Vamos atuar no acesso e atendimento de saúde ampliados, inclusive no melhor preparo das equipes de saúde para atender essa população. Quem já teve qualquer dificuldade no acesso a algo tão essencial como o cuidado da nossa saúde entende o porquê de priorizarmos isso.

Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população paulista em geral?
Enquanto mulher negra me preocupo muito com a segurança pública e a forma militarizada e nada educativa que o Estado lida com esse tema. Precisamos pensar numa segurança pública que atenda a "todes", e não que imponha pena de morte no Brasil. A morte dos jovens negros não pode ser tolerada, muito menos quando é executada pelo Estado.

Precisamos cessar a violência policial nas periferias. Além disso, temos falado muito de fortalecer o trabalho das cooperativas e catadoras de recicláveis, um trabalho tão importante e com pouco investimento, e no direito à educação pública de qualidade. Inclusive pensando no direito à creche já no pré-natal.

Como é possível se planejar durante a gestação sem a garantia da escola? Sobretudo, ressalto: a política que vou construir será junto aos movimentos sociais que já estão há tempos elaborando políticas que podem ser aproveitadas pelo Poder Público.

Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
Trabalho na administração pública há 40 anos e sempre me coloquei politicamente como ativista independente. Sei como as coisas funcionam atualmente e como é possível pensarmos em outras maneiras de agir.

O espaço legislativo é caminho para conseguirmos avançar no que já estamos falando nas ruas, nas nossas vidas. Na verdade, é trazer a política de fato para dentro da política institucional.

Além disso, vou seguir os passos de Erica Malunguinho, criando um quilombo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo com corpos negros e LGBTQIAPN+. Eu gosto de aquilombar, mas ultimamente uso o favelizar, temos que favelizar a política e levar o modo de fazer coletivo para dentro desse espaço enquanto fundamento.

Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay São Paulo com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.