O ano de 2014 entra com o Brasil como segundo país do mundo que mais terá dividendos gerados pelo turismo gay, atrás apenas dos EUA. Entretanto, a sensação é de que poderíamos ir além, principalmente se os governos e os empresários do setor vissem de forma mais séria e comprometida esse segmento, um dos que mais crescem no planeta em gastos no turismo.
Para saber como o governo brasileiro tem lidado com tais desafios e oportunidades, entrevistamos o diretor de Produtos e Destinos da Embratur, Marco Lomanto, nome máximo dentro do órgão na segmentação turística. Preparando-se para estar na convenção da Associação Internacional de Turismo de Gays e Lésbicas (IGLTA), em Madri, em maio, Lomanto reconheceu o poder do turismo LGBT, listou ações e enumerou metas.
Como a Embratur vê o turismo LGBT?
Esse turismo faz parte do nosso clube de produtos, dentro de uma estratégia de segmentação, que incluiu ecoturismo, golf e intercâmbio, por exemplo. Por vários dados de mercado, tais como a alta renda dos homossexuais, o fato de esse segmento ter mais dinheiro para lazer, serem o que se chama de dinks (sigla em inglês para dupla renda sem filhos), por tudo isso, é fato que o turismo LGBT é um diamante lapidado. E o Brasil quer sim atrair esse público. Não tem razão para ser diferente.
E o que tem sido feito nesse sentido por vocês?
Há vários destaques. Possuímos termo de cooperação técnica com a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abratgls), com, por exemplo, ações voltadas aos empresários do setor para que se abram ao turismo LGBT. E temos estado em importantes feiras.
No mais, em 2012, Florianópolis sediou o maior evento de turismo LGBT do mundo, a convenção da Associação Internacional de Turismo de Gays e Lésbicas (IGLTA).
Estiveram presentes mais de 500 operadores de turismo. Organizamos também press trips, trouxemos ao Brasil jornalistas de várias países para que eles conhecessem os destinos e o que temos a oferecer aos turistas LGBT.
Como temos evoluído?
Temos cinco destinos que podem ser avaliados como avançados: São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Florianópolis. Há alguns anos, Argentina era o maior destino gay da região, mas já passamos e hoje nós que lideramos. E, como mostramos para os jornalistas, temos inclusive eventos de alto poder de atração do público gay, tal como o São Paulo Fashion Week. O correto é fugir do estereótipo. Ok, há sensualidade, corpos, mas o Brasil tem muito mais a oferecer.
E vocês estão satisfeitos com o trabalho realizado?
Sempre se pode crescer. Sabemos que há deficiência de pesquisas sobre o turismo LGBT no Brasil, por exemplo. Estamos trabalhando junto à Abratgls no sentido de mudar isso.
Temos em vista parceria com o Sebrae para que capacitemos profissionais de receptivo em várias cidades. Estamos vendo também soma com o Ministério do Trabalho. E é importante ter atuação conjunta com as secretarias estaduais. Vamos evoluir sempre!