Não são todos os dias em que a um ator é oferecido um papel que foge dos rótulos que ele recebeu durante a carreira. Glória Pires, mesmo que tenha conseguido oscilar entre mocinhas e vilãs em novelas de TV, reconheceu isso em entrevista coletiva durante sessão de Flores Raras para a imprensa, há duas semanas, e soube aproveitar a chance de interpretar sua primeira personagem homossexual da carreira.
No longa de Bruno Barreto, que estreia em São Paulo nesta sexta-feira, 16, Glória vive a paisagista autodidata Lota de Macedo Soares, famosa por idealizar o projeto do Parque do Flamengo, na zona sul do Rio de Janeiro, e por um romance que durou 16 anos com a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop, interpretada pela australiana Miranda Otto (de O Senhor dos Anéis).
A relação de amor entre as personagens é encarada de forma natural pelo filme, segundo Barreto. "Essa história era uma história de amor. Poderia ser entre um homem e uma mulher. O fato de ser entre duas mulheres não mudava em nada".
Para Glória, Flores Raras chega em "um momento muito apropriado, embora não tenha sido essa a intenção. O homossexualismo (sic) é um assunto em alta aqui (no Brasil). As pessoas ainda sofrem muito com isso. Tenho recebido muitos e-mails lindos de pessoas sofrem preconceito da família, ainda vivem escondidas".
E conclui: "Como a arte está sempre está interferindo na realidade, é uma via de mão dupla, espero que o filme possa ajudar as pessoas a encararem o homossexualismo de uma forma mais normal, a desmitificar essa questão. Todos nós somos seres humanos e temos os mesmos direitos".
Flores Raras
Direção: Bruno Barreto
Elenco: Glória Pires, Miranda Otto e Tracy Middendorf.