Os desafios não cessam para Symmy Larrat. Há poucos dias nomeada como primeira travesti à frente da Coordenação-geral de Promoção dos Direitos de LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos, a paraense formada em Comunicação Social agora precisa lidar com falta de verba no governo federal e a tentativa de colocar de pé ações eivadas de críticas. Exemplo é o Sistema Nacional LGBT, que ainda patina na meta de defender a vida e a integridade de LGBT.
Curta o Guia Gay São Paulo no Facebook
Em entrevista à Guiya Editora, Symmy, 37 anos, agregou outras metas as quais pretende alcançar ainda este ano - portanto, algo que pode ser cobrado no raiar de 2016. "Fomentar o programa de formação técnica da população LGBT por meio de articulação com Pronatec e outras parcerias, e investir em ações que fortaleçam a rede de proteção, promoção e defesa de LGBT."
Quanto a dinheiro para tais ações, a contenção de gastos definida pela presidente Dilma Rousseff é o obstáculo a superar. Um sinal claro da falta de recursos financeiros da Secretaria de Direitos Humanos, órgão ao qual é subordinada a coordenação LGBT, é não ter havido nenhum edital para convênios com ONGs e universidades este ano ainda. Em 2014, foram 18.
Para driblar essa escassez, a gestora pretende fazer articulação com outras áreas do governo, tais como os órgãos de saúde, segurança pública, trabalho e assistência social. E isso não é garantia de êxito. O próprio Pronatec, que oferece cursos técnicos, teve corte de 66% no crescimento de vagas este ano, por exemplo. O número de estudantes será o menor desde a criação do programa, em 2011.
Perguntada sobre ações pró-LGBT feito pelo governo Dilma Rousseff, a ativista, que participou de importantes conselhos pela cidadania arco-íris no Pará, faz lista.
"A própria criação desta coordenação, do Conselho Nacional LGBT e a realização das Conferências Nacionais LGBT são ações importantes. Os investimentos em cursos de extensão de formação de gestores e acadêmicos na questão de gênero e orientação sexual e as ações de enfrentamento à violência contra LGBT também são passos importantes. Mas como pessoa trans gostaria de salientar a ampliação do processo transexualizador e a ampliação do uso do nome social, tanto no cartão SUS como no ENEM."
O orgulho também aparece quando Symmy disserta a respeito do que simboliza sua nomeação. "Ter uma travesti, pela primeira vez, neste cargo, num país em que esta população é quase invisível, é inegável que é bom exemplo, seguido do respeito ao nome social em minha nomeação que abre portas não só para outras casos similares, mas também para políticas institucionais neste sentido."