Se você acha que hoje o futebol é um meio homofóbico - onde dá para contar nos dedos de uma só mão os gays assumidos no esporte em todo o planeta, por exemplo - imagine esse meio há quase 40 anos em plena ditadura militar! Foi nessa época que foi criada a Coligay, torcida arco-íris do Grêmio, que tem sua história contada por Léo Gerchmann no livro Coligay - Tricolor e de Todas as Cores.
Gerchmann, que é reporter especial sobre temas internacionais do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, pesquisou sobre o tema com ex-integrantes da torcida, jornalistas, atletas e dirigentes do clube na época, além de inúmeras pessoas que testemunharam a ousadia da torcida criada por Volmar Santos, hoje dono da boate gay Coliseu.
"Eles foram muito corajosos, porque surgiram em uma época de repressão. Era uma torcida que nunca se envolvia em confusão e sempre apoiava o time", diz o autor sobre a Coligay, que durou de 1977 a 1983.
O lançamento, às vesperas da Copa do Mundo, foi por puro acaso, contou Gerchmann à Guiya Editora. "Foi coincidência. De qualquer forma, acho que é ótimo ser agora porque o advento da Coligay é o mais importante, em termos de diversidade, em toda a história do Brasil. Acho que o apelo dessa história maravilhosa é internacional.
Ao contrário, muitos insistem - erroneamente - no caráter vergonhoso da torcida. O fato é lembrado no prefácio, escrito pelo escritor e jornalista David Coimbra. "... ainda hoje a Coligay é motivo de gozação dos torcedores de clubes rivais do Grêmio, como se fosse algo de que os gremistas devessem se envergonhar, quando é justamente o contrário. A Coligay foi um episódio de coragem, tolerância e respeito à diversidade na história do Grêmio. A Coligay não é um desdouro ao clube; ao contrário, enobrece-o", explica.
Coligay - Tricolor e de Todas as Cores (Libretos, 2014, 192 pág., R$ 35). Lançamento na terça, 13, 19h. Livraria Saraiva, Praia de Belas Shopping. Avenida Praia de Belas, 1.181, piso 2, Porto Alegre.