Autor de um dos melhores romances gays da história - A Cidade e o Pilar - o escritor Gore Vidal tem sua vida e obra desnudada no documentário Gore Vidal: United States of Amnesia, que entrou em cartaz neste final de semana em Nova York e Los Angeles.
Vidal nunca gostou de rótulos e não cansava de dizer que o mundo era bissexual. Ele mesmo foi creditado como um, mas é provável, ao menos na segunda metade de sua vida, que tenha sido mesmo homossexual. O escritor nunca negou o relacionamento com Howard Austen, que conheceu em 1950 e com quem viveu por décadas, mas achava que definir sua orientação sexual seria como ser "escravizado".
Morto em julho de 2012, o escritor, dramaturgo e intelectual nasceu em 1925 em Nova York e seu posicionamento político e social ficou tão conhecido quanto suas obras - dentre elas, o roteiro de De Repente, no Último Verão (de 1959, outro com forte conotação gay) e romances como Burr (1973) e Lincoln (1984).
"Meu interesse foi sempre dele menos como escritor e mais como uma espécie de intelecutal público e um crítico da política e cultura norte-americanas", disse o diretor do longa, Nicholas Wrathall, ao site The Backlot. "Alguém que estava realmente muito à frente de seu tempo, nos anos 1950 e 1960. Falando abertamente sobre a sua sexualidade, escrevendo sobre isso e provocando debates sobre muitos assuntos de maneira corajosa".
Wrathall conviveu com Vidal nos seus últimos anos de vida para realizar o filme. Ele acredita que o documentário inspira as pessoas a lerem e descobrirem mais sobre o escritor. "Ele foi muito generoso com os mais jovens e acho que percebeu que eu representava que suas ideias estavam chegando a um público mais novo, o qual talvez não o conhecesse muito bem".
O longa já passou por alguns festivais e deve entrar no circuito comercial de mais algumas cidades norte-americanas a partir de 6 de junho. Ainda não há previsão para sua chegada às telas brasileiras.