Coloque mais essa na conta de Dilma Rousseff - a tal coração valente nas peças publicitárias das eleições gerais de 2014: a mandatária cedeu à pressão de deputados federais evangélicos e católicos e "descriou" o Comitê de Gênero no Ministério da Educação, instituído em 9 de setembro.
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O comitê - fruto da confusão de que gênero trata de orientação sexual (?!) - tinha como foco criar diretrizes para superar a discriminação que aflige, principalmente, mulheres, travestis e transexuais nos ambientes escolares. Havia citação de homossexuais. O novo grupo, criado na terça 22, chama-se Comitê de Combate à Discriminação e possui, em linhas gerais, compromisso contra a homofobia.
Vindos da luta bem-sucedida pela retirada da questão de gênero dos planos nacional, estaduais e municipais de educação, parlamentares evangélicos pressionaram o Palácio do Planalto para que o ministério recuasse. O jornal O Estado de São Paulo contou que, nas regras do primeiro comitê, havia 14 vezes a palavra gênero. No novo, nenhuma.
Em nota, os religiosos disseram que o texto do primeiro órgão "incentiva a prática gay e resulta na sexualização precoce de crianças e adolescentes". A retirada foi ordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloísio Mercadante.
Em relato no Facebook, o ativista gay Beto de Jesus disse ter informações de que a bancada, liderada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negociou com a presidência da República ameaçando votar pelo impeachment de Dilma Rousseff caso não fosse atendida.
No primeiro mandato de Dilma, também sob ameaça de parlamentares religiosos, vetou a continuidade da aplicação do Kit contra Homofobia nas escolas.
Quando acaba mesmo o mandato dessa senhora?