Os gritos eram claros e saíam da garganta de centenas: "Ei, PM, não foi suicídio!"; "Kaique, eu vou lutar, a sua morte o Estado vai pagar"; "Oh, Dilma, pisou na bola. A homofobia continua na escola!". Assim foi a manifestação realizada na sexta-feira 17 por conta da morte do jovem gay Kaique Augusto Batista dos Santos, cujo corpo foi encontrado na terça-feira 14.
Curta o Guia Gay São Paulo no Facebook
A concentração do ato ocorreu no Largo do Arouche, um dos principais points gays de São Paulo. Marcado para 18h30 pelas redes sociais, o ato contava com muitas faixas e cartazes contra a homofobia. Em uma caixa de som, ativistas e personalidades LGBT faziam discursos.
Kaique estava desaparecido desde o sábado 11, quando foi com amigos a uma boate. O corpo estava na região central de São Paulo, conhecida pela frequência de homossexuais. No relatório da polícia, o fato foi categorizado como suicídio. Entretanto, parentes da vítima relataram que uma barra de ferro estava atravesada na perna de Kaique, cujos dentes tinham sido arrancados. No mais, amigos relataram que havia skinheads na boate, lugar no qual o jovem foi visto pela última vez.
Presente no evento, o coordenador-geral dos Direitos LGBT da Secretaria de Direitos Humanos, do governo federal, Gustavo Bernardes, defendeu que o caso não se trata de suicídio. "Temos posição de que foi assassinato foi motivado por discriminação." Bernardes lamentou o fato de o governo de São Paulo não ter firmado parceria com Brasília para capacitar policiais contra a homofobia e ampliar os serviços de apoio a vítimas de violência.
O coordenador de Políticas LGBT da Prefeitura de São Paulo, Julian Rodrigues, estava no ato e exultou a mobilização. "Mostrou-se que o crime homofóbico não foi banalizado. Muito bom ver que todos estão comovidos. Isso vai ajudar e muito na pressão para que o caso seja apurado."