O carnaval carioca ficará ainda mais inclusivo em 2016. A Acadêmicos do Salgueiro, uma das mais tradicionais escolas de samba do grupo especial da cidade, trará os integrantes da bateria vestidos com terno rosa para homenagear a travesti Geni, do musical A Ópera do Malandro, de Chico Buarque.
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Na montagem, Geni inicialmente é hostilizada pela população, mas quando vira alvo da paixão do comandante de um zepelim que poderia acabar com a cidade, os moradores passam a lhe bajular para que ela transe com o militar. Assim que o sexo é consumado e vendo que não precisa mais dela, o povo se volta novamente contra a travesti. Quem não se lembra dos versos do refrão de Geni e Zepelim (Joga pedra na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir)?
Ao site Samba Razzo, o mestre de bateria do Salgueiro, Marcão, disse que a ideia dos carnavalescos Márcia e Renato Lage foi bem aceita. "Fiz uma reunião com eles e fiquei surpreso porque 70% toparam. Quando vamos a um bloco e nos vestimos de mulher, é uma sátira. Ninguém é mais ou menos homem por isso, foi bem aceito", conta.
"Já assisti a peça e gostei. A bateria vir vestida de Geni é algo moderno, você não veria isso em uma bateria de escola de samba antigamente. Ainda tem quem fale 'eu sou homem e não vou me vestir de mulher', mas isso está acabando", diz Marcão que comanda os 270 ritmistas.
Com o enredo "A Ópera dos Malandros", o Salgueiro será a segunda escola a entrar na avenida na Segunda-Feira de Carnaval.