Imagina você: um cantor faz uma declaração racista, ganha, obviamente, a antipatia da maioria dos negros e de muitos que são a favor dos direitos humanos. Dois anos depois, ele é anunciado com pompa e circustância como a maior atração de uma balada com enorme público de rapazes e moças negros. Acha absurdo?
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Pois troque algumas coisas nessa situação e você terá uma realidade. No próximo sábado 09, a festa Trash 80's receberá Mara Maravilha, a mesma que em 2013, fez declarações homofóbicas.
Em participação no programa Muito Show, na RedeTV!, a cantora, evangélica, disse que ser gay "é uma escolha", falou a favor da cura gay, defendeu o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) e condenou o beijo gay em público, chamando-o de "aberração".
Entrentanto, para o responsável pela festa, Enéas Neto, cabe contemporização. "O fato dela aceitar se apresentar numa festa que tem o lema da diversidade como premissa já demonstra que ela pode ter ponderado sobre declarações do passado. Afinal, que jogue a primeira pedra quem nunca se arrependeu de algo dito", disse ao Guia Gay São Paulo.
O arrependimento fica apenas nas suposições de Neto. Mara jamais se arrependeu do que disse e se vitimizou dizendo que sofre "bullying" - deturpando o conceito do termo - por conta de suas opiniões.
A questão que incomodou os fãs não é o dela ter aceitado se apresentar, mas o da festa tê-la convidado. Na própria rede social da Trash, a maioria de seus seguidores condenou o convite à artista homofóbica, dizendo-se decepcionados. "Estou mega desapontado", disse um; "oportunista", taxou outro.
No mês em que completa 13 anos, a Trash 80's, que teve uma missão importante ao resgatar a cultura de uma década rica e influente musicalmente, mostra que talvez tenha perdido a relevância ao não entender que o conceito de diversão jamais deve passar por cima de nossa essência.