Encerrou-se uma espera de muitos anos na noite da sexta-feira, 31: a TV Globo mostrou o primeiro beijo gay em uma novela em seus 48 anos!
O ex-vilão mais adorado da TV em 2013, Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso, que se tornou a mocinha da história, na opinião de críticos e do próprio autor da trama, Walcyr Carrasco) beijaram-se em Amor à Vida.
O ósculo coorou o final feliz do casal, que já havia ganho torcida de grande dos espectadores da novela, de acordo com pesquisas e enquetes em diversos sites.
A hashtag #beijafelixeniko chegou a estar nos Trending Topics mundial. Destaque também para o fato do pai homofóbico, César (interpretado por Antônio Fagundes), ter, ao final, ter dito que amava o filho que ele tanto rejeitou.
Telespectadores relataram terem chorado, gritado, vibrado. Alguns falavam de gritos no vizinhança no momento do beijo e até fogos de artifício. O elenco da novela, reunido em uma churrascaria no Rio, aplaudiu de pé o beijo!
Um dos últimos tabus a serem superados pela maior emissora de televisão brasileira, o beijo gay já havia surgido em outros programas da emissora - como em reportagem do Jornal Nacional - mas nunca na teledramaturgia.
A audiência não foi explêndida. O capítulo atingiu 44 pontos. O final da trama anterior, 'Salve Jorge', teve 46. O fecho de 'Avenida Brasil', 52.
Um arremedo de beijo - um selinho - e entre duas mulheres surgiu no último capítulo de Mulheres Apaixonadas (2003) quando as personagens Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli) encostaram os lábios travestidas de Romeu e Julieta na encenação de uma peça,
Fora da Globo, o beijo entre dois homens e na teledramaturgia nunca havia surgido. O beijo lésbico, sim, em Amor e Revolução (2011), do SBT, entre Marcella (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre). Um segundo beijo entre elas chegou a ser gravado e nunca foi ar. Cogitou-se um beijo entre dois homens na mesma trama, mas a ideia foi descartada.
A Globo também arquivou um beijo gay. Foi em América (2005) entre Junior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro). A cena escrita por Glória Perez foi gravada e era aguardada para ser veiculado no último capítulo. No entanto, a direção da emissora não quis mostrá-lo.
Hoje, nove anos depois, no mesmo horário mais nobre dentre as telenovelas, a tolerância venceu o medo e a discriminação e a carta branca ao amor dos LGBT chegou. Vencemos!