Marcio Claesen
No domingo, 02, Jared Leto pode se tornar o 10º ator a receber um Oscar após interpretar um personagem LGBT. A despeito de muitos atores que já levaram o prêmio seja porque já haviam perdido vezes demais ou porque estavam no filme mais badalado do ano, Leto é um caso feliz de ser o favorito na categoria coadjuvante por uma performance digna de... bem, digna de um Oscar.
Mas a travesti Rayon que o norte-americano vive em Clube de Compras de Dallas tem companhia. Lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros já renderam inúmeras indicações ao prêmio máximo da indústria do cinema dos Estados Unidos e em nove vezes renderam a estatueta aos seus intérpretes. Confira nossa lista:
William Hurt em O Beijo da Mulher-Aranha (1985)
Um dos maiores galãs do cinema na década de 80, Hurt saiu da zona de conforto e foi viver o afetado vitrinista Molina na estreia de Hector Babenco em Hollywood. Apaixonado pelo revolucionário com quem divide a cela (vivido por Raul Julia), Molina se refugia da realidade dura da prisão em suas fantasias vividas por Sonia Braga.
Tom Hanks em Fildélfia (1993)
A conscientização sobre o HIV ganhou um aliado em 1993 quando Jonathan Demme realizou o longa Filadélfia. Famoso até então mais por suas interpretações cômicas, Tom Hanks mostrou-se um ator completo (e levou o Oscar de melhor ator) ao viver um soropositivo que luta contra sua empresa que o demitiu por causa do vírus.
Hilary Swank em Meninos Não Choram (1999)
O longa que conta a história sofrida de Brandon Teenan, que nasceu mullher, mas se identificava como homem, é baseado numa história real e revelou Hilary Swank ao mundo. A atriz bateu, na categoria principal do Oscar, a vencedora do prêmio do Sindicato dos Atores (SAG) Annette Bening, que estava no filme do ano, Beleza Americana.
Nicole Kidman em As Horas (2002)
Mesmo que já colhesse elogios da crítica e prêmios por boas interpretações em Um Sonho Sem Limites, Moulin Rouge e Os Outros, foi em As Horas que Nicole Kidman ganhou status de grande atriz. Sua interpretação como a poeta depressiva Virginia Woolf bateu a vencedora do SAG, Renée Zellwegger, (Chicago) e a favorita da crítica, Julianne Moore (Longe do Paraíso).
Charlize Theron em Monster - Desejo Assassino (2003)
Pela terceira vez em cinco anos, O Oscar de melhor atriz foi para uma história real sobre um personagem LGBT. Aqui, a bela sul-africana Theron se transformou radicalmente para viver a lésbica serial killer Aileen Wuornos. Não havia a mínima chance para as outras.
Philip Seymour Hoffman em Capote (2005)
Seymour Hoffman se transformou no escritor Truman Capote a tal ponto que conseguiu vencer até outro ator vivendo um gay memorável naquele ano, Heath Ledger (O Segredo de Brokeback Mountain). Aqui, ele se envolve num caso de assassinato de uma família no Kansas enquanto prepara o que seria um dos seus maiores best sellers, A Sangue Frio.
Sean Penn em Milk - A Voz da Igualdade (2008)
Nem um Oscar recente - de cinco anos antes por Sobre Meninos e Lobos - foi capaz de deter uma nova vitória na categoria de melhor ator para Sean Penn. Ele interpreta Harvey Milk, militante que se tornou o primeiro gay assumido a ser eleito para um cargo na Califórnia. O final é triste, mas o legado é histórico.
Christopher Plummer em Toda Forma de Amor (2010)
Não se pode esperar muito do roteiro previsível de Toda Forma de Amor, mas como não se apaixonar por um personagem que, no fim da vida, resolve se permitir amar outros homens e viver tudo o que nunca pôde depois de décadas de um casamento heterossexual? O eterno Capitão Von Trapp levou o Oscar de melhor ator coadjuvante.
Natalie Portman em Cisne Negro (2010)
A pegação entre Nina (Natalie Portman) e Lily (Mila Kunis) ficou famosa em Cisne Negro, que rendeu um Oscar de melhor atriz a Portman. O diretor Darren Aronofsky não deixa, claro, no entanto, o que é realidade e o que é alucinação. Ainda assim, a (possível) bissexualidade da personagem não poderia faltar nessa lista.