Um dos poucos atletas abertamente gays do País, Michael relembrou seu início do vôlei quando, na necessidade de se enturmar, acabou em um bordel e saiu com uma prostituta.
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"Eu tinha 21 anos, estava no segundo ano de adulto e rolou o amigo secreto de final de ano. Os meninos resolveram ir para um puteiro", contou o esportista, hoje com 34 anos, ao UOL.
"Lá, uma menina ficava vindo conversar comigo toda hora. Um dos caras falou: 'Vou pagar aquela mulher pro Michael.' Fui com ela e foi um dos casos mais mirabolantes da minha vida. Não foi tão traumatizante, mas vi que não era minha praia.
E continuou: "Eu não sei porque precisava interpretar esse papel de hétero. Eu acho que foi porque eu era muito novo, estava longe de casa e no meio de um pessoal que nunca tinha visto. Quando você se sente frágil, a pior coisa é ser excluído. Eu tinha muito medo. E só para lembrar: isso era 1999. Este personagem que eu interpretava foi quebrando conforme eu amadurecia."
Michael ficou conhecido nacionalmente após ser hostilizado em uma partida pelos playoffs da Superliga defendendo o Vôlei Futuro, de Araçauba (SP), contra o Sada/Cruzeiro, em Contagem (MG), em 1º de abril de 2011.
O atleta disse que já havia ouvido insultos nas quadras diversas vezes, mas não da proporção daquela vez com grande parte da arquibancada o xingando.
"Cheguei para aquele jogo contra o Cruzeiro com uma certa casca, mas a coisa saiu de controle. Teve a questão da torcida organizada, que é uma torcida machista. A gente não vê, em outros jogos, uma torcida organizada que vem do futebol", comparou.
"Os outros torcedores acompanharam aquele clima de hostilidade. Pensaram que era normal me xingar por ser gay. Mas não sou obrigado a ficar ouvindo pessoas contagiadas me xingando e ficar quieto", disse. "Era praticamente o ginásio inteiro. Eles berravam em todas as bolas, em todos os saques."
"E tem coisas que são espantosas. Quando assisti à fita do jogo, o vídeo focaliza uma senhora de uns 60, 70 anos gritando. A expressão de raiva dela fazia parecer que ela falava para um assassino. Mas estava gritando para mim."
Á época, seu clube o abraçou, o que o fez se declarar gay publicamente. Todo o time colocou símbolos do orgulho LGBT, com direito a faixas e apoio de sua torcida. O Sada/Cruzeiro foi processado e perdeu na Justiça pelo comportamento de seus torcedores.