Com não rara frequência, noticiamos sobre estreias de longas-metragens nos cinemas brasileiros. Quem é apaixonado pela sétima arte já percebeu: há um movimento crescente de filmes nacionais que tratam de questões LGBT.
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"E pela primeira vez essa produção atinge um nível técnico e de criação à altura da produção LGBT americana ou europeia e da própria produção não-gay e mais comercial brasileira", explica Lufe Steffen, criador do Cinema Diversidade, programa que estreia no canal a cabo Prime Box Brazil na primeira semana de dezembro.
Para o jornalista e cineasta, esse momento único do cinema nacional merece ser registrado. E vai além o objetivo é também aproximar o público das obras e de seus realizadores.
"Além disso, os assuntos produção e filmagem em si mesmos atraem para o programa um público não só interessado na temática dos filmes, mas sim no próprio 'fazer cinema', representado aqui por uma produção atual e cada vez mais importante", diz.
Dividida em dez edições, a série abordará um tema por episódio, com entrevistas com cerca de 60 cineastas de diferentes regiões brasileiras e cenas comentadas dos filmes.
Documentários Históricos é o título do primeiro programa, que mostrará o resgate de figuras históricas e icônicas para a arte do País e a visibilidade LGBT, como os Dzi Croquettes, no filme homônimo, e Claudia Wonder em Meu Amigo Claudia.
A série segue com Juventude Gay, Desconstruindo Gêneros, Universo Feminino e três recortes regionais: Ousadia Pernambucana, A Cena de Fortaleza e Cidade Maaaravilhosa!, que vão lembrar debater produções elogiadas como Tatuagem e Favela Gay e o coletivo As Travestidas.
As fronteiras entre erotismo e pornografia são o foco do episódio Sensualizando: Erotismo e Desejo e o cinema trash ganha atenção em Trash, OVNIs e Bizarros. Por fim, o episódio derradeiro, Os Pioneiros, tratará de diretores que ousaram na temática homossexual entre as décadas de 1960 e 1980, durante a Ditadura Militar.
O resgate de nossa história já faz parte do DNA de Steffen. Seu mais recente longa, São Paulo em Hi-Fi (2016), recupera o início da noite LGBT paulistana, contrastando com A Volta da Pauliceia Desvairada (2012), filme em que o diretor apresentava a cena noturna gay contemporânea. Seu segundo livro, O Cinema que Ousa Dizer Seu Nome (Editora Giostri), reúne entrevistas realizadas com 24 cineastas brasileiros que abordaram a temática LGBT.