A comunidade gay de Barcelona tem se levantado contra o que chama de perseguição da polícia e erro na política contra o uso de drogas.
O caso mais grave ocorreu na terça-feira 25, quando a guarda municipal revistou todos os clientes e passou mais de duas horas inspecionando um clube de sexo na Rua Calàbria. O local fica na área gay de Eixample. Entidades não citam o nome do local.
Ao jornal Público, fontes da prefeitura confirmaram a operação e disseram se tratar de uma "inspeção administrativa de rotina".
De acordo com a reportagem, vizinhos teriam denunciado o local como ponto de drogas. Ao menos uma pessoa teria sido presa por tráfico.
Ativistas LGBT reclamam que há anos pessoas e locais na região sofrem todo tipo de humilhações e invasões arbitrárias sob pretexto de combater drogas e o "chemsex", sexo feito sob efeito de drogas.
O presidente da ONG Stop, Luis Villegas, reforça a denúncia.
"Que mais de dez policiais entrem de repente em um local onde supostamente se geram espaços de grande intimidade é muito violento", disse à publicação.
Para Villegas, a intervenção “não é um incidente isolado” e nos últimos meses tem observado um “aumento da pressão policial em espaços frequentados pela comunidade”, especialmente nas áreas de pegação.
"Soubemos que neste mesmo fim de semana houve batidas em um parque público, uma área histórica de pegação em Barcelona, algo que as pessoas não vivenciavam desde a transição", afirma.
A transição a que ele se refere foi o período de 1975 a 1982 quando o país saiu do domínio do ditador Francisco Franco para restaurar a democracia.
A Câmara Municipal da cidade e o Ministério do Interior são alguns dos órgãos que já foram contatados pelos ativistas, mas até o momento as batidas continuam.
Entidades apontam que essas ações reforçam a criminalização de pessoas mais vulneráveis, tais como praticantes do chemsex, fenômeno cultural que necessitaria de abordagem da saúde pública e não da polícia.
"É uma verdadeira caça às bruxas. Eles estão penalizando o consumo, não o tráfico, de forma escandalosa", diz Villegas.
"Estamos muito irritados. Isso não faz sentido. Se mais de 0,3 gramas de metanfetamina são considerados tráfico e a dose mínima para consumo é de 0,5 a um grama, e segundo estudos em Barcelona 12% dos HSH (gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens) praticam chemsex com metanfetamina, a polícia vai prender toda essa população?"