Uma cena de homofobia se deu em um posto de vacinação em Campo Grande (MS), no sábado 21.
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Cirurgião-dentista e homossexual assumido, Gustavo dos Santos Lima, de 27 anos, atendia como voluntário no posto drive Albano Franco quando ouviu de uma mulher que a filha não seria vacinada por um "viado".
"Ela estava em um veículo Corolla branco. São dois carros por vez e eu estava atendendo a uma família no carro da frente, onde duas pessoas estavam sendo vacinadas". relatou Gustavo, que fez capacitação para atuar na vacinação, ao G1.
"Quando eu estava entregando os comprovantes, percebi uma confusão no carro atrás, só que ignorei e continuei dando as orientações no carro da frente", relembrou.
O dentista, então, ouviu a mulher no carro dizendo para sua colega na função no posto e apontando o dedo para ele: 'Eu não quero que a minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um veado'.
Ele contou: "Depois, ela jogou os documentos da filha dela e ficou gritando, quando a minha colega pediu para ela ter respeito. Fiquei sem reação, enquanto a minha colega perdeu a paciência e disse que era crime o que ela estava fazendo."
Em seguida, a mulher recebeu orientação para se retirar do local e ela teria respondido que faria isso "com o maior prazer".
"As meninas [voluntárias] estavam com muita raiva, mas, relataram tudo e falaram que ela inclusive tentou dar ré e ir embora, só que como estava cheio não conseguiu. Para falar a verdade, ficamos anestesiados e não soubemos como agir mediante o acontecido", afirmou Gustavo.
A coordenadora do drive, segundo o dentista, também conversou com ele e disse que os militares, distantes cerca de 100 metros, deveriam ter sido acionados.
"Ela poderia ter sido presa e responderia a um processo pelo crime. Ela nem se deu ao trabalho de me conhecer, de conversar, de fazer qualquer julgamento e, mesmo eu sendo homossexual, isso não justifica a atitude dela. É uma agressão grave de quem não fez absolutamente nada para ela", ponderou.
Ao investigar a motorista, os profissionais da saúde teriam descoberto que ela retornou ao drive em seguida, porém, teria sido atendida no box 1. Gustavo estava no 4.
"Nesta segunda-feira (23), com as imagens das câmeras mostrando a exaltação dela, eu e minhas colegas vamos registrar o boletim de ocorrência. E vários outros relatos apareceram, não só de homossexuais, mas, de negros e mulheres, que também sofreram preconceito", disse.
No domingo 22, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) divulgou nota manifestando repúdio e informou que instaurará sindicância e acionará as câmeras do local para identificar a mulher.