Atualiazada às 21h10 de 04/02/18
A Praça Roosevelt, na região central, foi palco de uma cena de selvageria na madrugada deste domingo 4, mais precisamente no Papo, Pinga & Petisco.
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Conhecido como PPP, o bar, talvez o mais conhecido da região, famosa por abrigar artistas, músicos, intelectuais e LGBT, já estava fechado quando o jovem Jonas Carnelossi bateu à porta.
Segundo o jornalista Fernando Oliveira, o Fefito, que fez a denúncia nas redes sociais, Jonas foi cobrar uma bebida que havia comprado e não tinha sido entregue.
Fefito voltava para casa quando se deparou com Jonas sendo esmurrado por um funcionário do local. "Jonas apanhou, teve a roupa rasgada. Tem sangue na bunda. Orelha inchada dos socos que levou. Porque bateu no PPP fantasiado de Pabllo Vittar, com colant e peruca", escreveu Fefito.
O jornalista e os amigos que o acompanhavam não conheciam Jonas, mas se puseram a ajudá-lo imediatamente. Foi chamada a Guarda Civil Metropolitana (GMC), o dono do bar abriu a porta do estabelecimento e teria dito "impropérios" sobre Jonas e chamou outro rapaz, negro e gay, de "lixo", acusa Fefito.
Foram, então, todos à 78ª DP (Jardins) fazer boletim de ocorrência. "O Jonas foi com quatro testemunhas, mas a praça toda que gritava 'homofóbico' estava lá para confirmar", contou Fefito ao Guia Gay São Paulo.
"Ontem foi o Jonas, hoje posso ser eu, meu namorado, meu vizinho, meu amigo, um desconhecido", disse o jornalista. "Agora sabendo que o bar é reincidente em episódios assim, acho que é mais importante do que nunca que as pessoas fiquem alertas com os lugares que frequentam. Se tivesse de ficar 10, 12, 16 horas naquela delegacia por causa do Jonas, eu ficaria. A homofobia também tem de ser combatida com ações práticas. E a gente precisa registrar esses casos pra virar estatística e mostrar que estamos em um mundo muito perigoso e cada vez mais intolerante."
Na delegacia, uma surpresa: o funcionário, Jonathan, era foragido da polícia, por dever pensão alimentícia, e ficou preso. À tarde, Jonas foi ao Instituto Médico Legal (IML) fazer exame de corpo de delito.
Nas redes sociais, internautas apontaram um outro funcionário do bar que se definiria como "reaça opressor Bolsonaro" junto a seu sobrenome.
O outro lado
Ao Guia Gay São Paulo, Edney Ardanuy Vassalo, proprietário do local, afirmou que abriu a porta do bar e pediu gentilmente para que parassem. "Pois minha mãe de 72 anos estava tentando fechar o caixa", explicou. "Ao fechar a porta, começaram a esmurrar e a dar pontapés na mesma."
O empresário diz que então abriu novamente e que um dos funcionários achando a atitude desrespeitosa "foi atrás dele e começaram a brigar. Fui até eles para separar e apaziguar a situação. Então, eles chamaram a GCM. Aglomerou um bocado de gente na nossa porta, inclusive querendo nos agredir, nos xingando de homofóbicos e desrespeitando a minha mãe", disse.
Vassalo diz que desconhecia a situação do funcionário. "Eles dizem que haviam comprado bebida no bar, o que é uma inverdade para justificar o ato. Um deles me ameaçou dizendo que queria ver eu abrir o bar no dia seguinte e realmente o xinguei, mas não usei em momento algum xingamentos homofóbicos."
"Como podemos ser homofóbicos tendo um bar na Roosevelt com 70% da clientela gay?", questiona. Sobre o outro funcionário, que se define como reacionário, o proprietário diz que o homem nunca teve problemas com clientes e não sabia de suas preferências políticas. "Mas não posso me meter em suas questões político-partidárias, creio eu. Mas realmente creio ser desnecessário colocar esse nome no perfil. Ridículo."
