Iran Giusti é o LGBT Mais Influente de São Paulo em 2017

Criador da Casa 1, jornalista fala sobre os altos e baixos a respeito de direitos, entretenimento e política voltados para LGBT este ano

Publicado em 06/12/2017
Iran Giusti, criador da Casa 1, é encabeça lista dos 10 LGBT Mais Influentes de São Paulo 2017
'Ter esse reconhecimento como Iran é ter reconhecimento de que a Casa existe', disse

Ser responsável por um dos marcos da mais nova fase do ativismo LGBT não é para muitos. Mas é para o jornalista Iran Giusti, que, de forma quixotesca, idealizou campanha de financiamento coletivo para abrir alojamento a LGBT sem lar.

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A proposta era ter espaço amplo para o que começou de forma humanista ao Giusti ter aberto as portas da própria residência para receber LGBT que precisavam de abrigo. A busca pela meta de R$ 100 mil foi superada! Surgiu, na Bela Vista, o edifício da Casa 1

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O local, em 2017, consolidou-se como centro irradiador - com propostas similares em Salvador e Brasília, por exemplo -, ponto cultural, e destino de doações de grandes empresas, LGBT isoladamente ou em grupo. 

Você foi à parada LGBT de São Paulo e viu ações da Doritos e da Skol para ajudar a Casa 1? Viu agenda com festas e debates na Casa 1? Recebeu convite de amigos para fazerem algo em prol da Casa 1? Tomou sorvete da Ben & Jerry's para sentir o sabor de ajudar a Casa 1?

O sim demonstra o porquê o Guia Gay São Paulo viu como justo entregar a Giusti, responsável hoje por um novo modelo de ação LGBT no Brasil, o título de LGBT Mais Influente de São Paulo 2017*.  

Como é ser eleito o LGBT mais influente de São Paulo em 2017?
Um pouquinho surpreendente para dizer a verdade. Em geral, como jornalista (ainda que já ativista), eu sempre estive no lugar de eleger essas figuras. De toda forma acaba sendo bem importante, muito menos para mim, porém mais para o projeto. 

A Casa 1 é um trabalho experimental, orgânico e coletivo, e ter esse reconhecimento como Iran é ter o reconhecimento de que a Casa existe, funciona e que é um modelo a ser ampliado.

Como você avalia o ano de 2017 para os e as LGBT de São Paulo, levando em conta ativismo, entretenimento, cidadania e ações do poder público?
No campo dos direitos e da política seguimos na mesma e não tinha como ser diferente com o nosso legislativo e judiciário atuais. Porém, com o conservadorismo cada vez mais explícito, têm-se levantado pautas importantes, tais como a patologização da identidade trans, que só virou pauta com toda a questão da "cura gay".

Em contrapartida, o entretenimento e a cultura têm se mostrado um incrível polo de resistência: nunca tivemos tantos artistas LGBT em evidência, tanta representatividade na produção cultural e isso importa muito.

Em relação ao governo municipal, não consigo dizer nada de positivo: assistência social virou "lindeza", já é amplamente sabido que em questões de zeladoria está sendo uma gestão caótica, e o desmonte do programa Transcidadania é de chorar. 

Se por um lado, dentro da lógica de mercado, a parada LGBT teve todo apoio da prefeitura, o posicionamento do prefeito contra a vinda da exposição Queermuseu mostra as reais intenções.

E é preciso deixar uma coisa bem clara: não estamos falando de futebol, não desgosto do PSDB porque não vou com a cara, desgosto pelas políticas. Sou, como muitos e muitas militantes, figura de oposição às políticas neoliberais do partido e do prefeito. De toda forma, há de se falar a verdade, quando se trata de assistência social, não tivemos na cidade nenhum prefeito ou prefeita que tenha olhado para o tema com a seriedade e compromisso necessários.

Que exemplos de ações você destacaria nas quais você utilizou sua influência ao longo de 2017?
Olha, não sei se posso dizer que foi minha influência, já que eu, Iran, não tenho o que a gente pode chamar de capital político. O que acontece é que eu tenho um repertório em comunicação e relações públicas que permitiu que a Casa 1 se tornasse um projeto influente.

Nesse sentido, ações comerciais como a da Skol e o lançamento do Doritos Rainbow foram iniciativas que considero bem sucedidas. No campo social, a quantidade de iniciativas similares à casa pelo Brasil  - em contato com a gente são 13 - é talvez o melhor exemplo disso. 

*Os 10 LGBT Mais Influentes de São Paulo é uma lista anual, realizada desde 2014, destinada a homenagear e empoderar membros da comunidade LGBT em diversos campos de atuação. Desde 2016 é a própria equipe do Guia Gay São Paulo que elabora a lista.


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