O vereador Fernando Holiday (Patriota) deixou o Movimento Brasil Livre (MBL), onde ele tornou-se conhecido políticamente. E um dos motivos para sua saída é o fato da pauta LGBT não ser prioridade no grupo, afirmou.
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"Há duas áreas nas quais eu pretendo desenvolver projetos próprios e mais amplos que não estavam na lista de prioridades do MBL: as causas LGBT e as pautas antiabortistas. Minha proposta é estimular uma discussão a respeito de como a direita liberal deve tratar esses temas. Então, a gente decidiu que era melhor eu seguir um caminho próprio e lançar esses projetos por conta própria", jusitificou o vereador em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Holiday foi o primeiro (e é único até agora) vereador abertamente gay eleito na capital paulista. Foi reeleito em 2020 com 67.671 votos, o quinto mais votado na cidade.
Ele entrou no MBL dois meses após a criação do grupo, em 2015. O movimento foi um dos responsáveis pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, apoiou Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições presidenciais em 2018, mas pouco tempo depois passou a fazer oposição ao governo federal.
Holiday, que sempre foi crítico a pautas identitárias e programas assistenciais voltados a LGBT, foi questionado do porquê a falta de atenção a este segmento no MBL se tornou tão importante a ponto de deixar o movimento.
"É que, apesar de a gente ter uma visão semelhante em relação ao tema isso não é uma bandeira de frente do movimento. Hoje, por exemplo, eles têm como bandeiras a defesa da reforma administrativa e do impeachment do Bolsonaro. Antes, defendiam as reformas da Previdência e trabalhista. Quer dizer, sempre têm algum grande projeto ou alguma causa à frente. Mas a luta contra o aborto e a defesa de causas LGBT dentro de uma ótica liberal foram relegadas a um papel secundário" diz.
O vereador afirma que passou a refletir mais sobre a pauta LGBT após ser convidado pelo Departamento de Estado norte-americano, no fim de 2019, para participar de programa de visita ao país e estudar políticas públicas para minorias.
"Lá, tive a oportunidade de conversar com alguns dirigentes do Partido Republicano e conheci o chamado Log Cabin Republicans (LCR), que é uma espécie de área LGBT dentro da legenda. Eles estimulam o pessoal do meio LGBT a superar a homofobia, o preconceito, a exclusão, não por meio de políticas de Estado segregacionistas, mas principalmente através do empreendedorismo, do livre mercado, da defesa das liberdades individuais", explica.
"Com esse discurso, evidentemente, eles não têm o mesmo alcance da esquerda nessas pautas, mas conseguem pelo menos atingir esse público, e no Brasil não vejo nada parecido. Então, o que pretendo, se puder, é trazer essa experiência para a direita brasileira."