'Gay não opina aqui': estudante de 14 anos é vítima de alunas

Família de aluno negro e homossexual fez boletim de ocorrência

Publicado em 05/09/2024
Colégio pH em Botafogo: aluno gay é vítima de homofobia de alunas
Família reclama de atitude de colégio, localizado em bairro nobre do Rio

A família de um estudante de 14 anos fez denúncia à polícia após ele ser vítima de homofobia e racismo em colégio na zona sul do Rio de Janeiro.

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Segundo o jornal O Globo, no boletim ocorrência consta que quatro alunas o chamam de "viado" e que riam dele quando eram ditos termos como "macaco" e "preto".

Os ataques contra o aluno começaram três meses após ele começar a estudar no Colégio pH, no bairro de Botafogo.

A tia do estudante, Sheila de Paula, afirmou que a única atitude da instituição foi trocá-lo de sala.

"Eu não acredito que essa seja a única medida a ser providenciada pela escola. Os ataques são recorrentes, meu sobrinho perdeu a vontade de estudar. No começo desse ano ele queria mudar de escola e foi aí que descobrimos os ataques. Como nada foi feito de forma efetiva, recorremos à polícia", relatou Sheila.

A mulher conta que o sobrinho sofreu ainda constrangimento ao ser mudado de turma, já que os demais colegas souberam o motivo. O adolescente voltou para casa chorando e começou a fazer tratamento psicológico.

Por diversas vezes a família procurou a coordenadora pedagógica, mas a escola jamais chamou os pais das alunas homofóbicas para conversar.

Em prints de trocas de conversas, uma das alunas mandou uma figurinha ao estudante em que dizia "Gay não opina aqui". A garota também disse que ele "gosta de pênis e coisas masculinas".

Outra aluna teria assumido que é "a maior homofóbica que existe com orgulho" após chamá-lo de "viado". Nos prints, elas também se referem a ele como "preto", "macaco" e "menino sexualmente suspeito".

"É muito doloroso ver tudo isso acontecendo, e é mais doloroso ainda saber que o fator racial intensifica os ataques. Meu sobrinho diz que alunos brancos que demonstram ser tão sensíveis quanto ele não são agredidos da mesma forma" diz Sheila.

Em nota, o colégio afirma repudiar "qualquer atitude discriminatória" e que qualquer ação nesse sentido não condiz "com os valores e diretrizes adotados pelo colégio".

"A escola informa que se reuniu com os envolvidos e seus familiares a fim de garantir todas as medidas necessárias para que o respeito e a igualdade sempre prevaleçam, tratando o assunto com toda a seriedade que ele merece."

Em agosto, um estudante também com 14 anos, negro e gay se suicidou após não aguentar mais o bullying de colegas. Ele estudava no Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, bairro de classe média alta de São Paulo.


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