Gaúcho de Porto Alegre e há oito anos na capital paulista, William Callegaro é candidato a deputado federal pelo PSB de São Paulo.
Advogado, o jovem é coordenador jurídico da Aliança Nacional LGBTI+, maior entidade arco-íris do País, passou por formação política do projeto RenovaBR e integra o Movimento Acredito, suprapartidário, que prega pela renovação no quadro político brasileiro.
Ao Guia Gay São Paulo, William falou da importância de pautas LGBT serem propostas por cidadãos abertamente LGBT, do compromisso de transformar a união e a adoção homossexuais em lei federal e na proposta de abater impostos de empresas que investirem em associações que acolhem LGBT em situação de vulnerabilidade.
Veja mais da conversa:
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o País avance nesse campo?
Na realidade, a população LGBT+ não está protegida por leis federais. Até hoje não foram aprovadas leis para a comunidade LGBT, todos esses direitos foram adquiridos no Supremo Tribunal Federal.
Contudo, muitos cartórios pelo Brasil deixam de respeitar essas decisões, negam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, deixam de retificar o nome das pessoas trans, hospitais impedem a doação de sangue, as delegacias não registram os B.O’s pelos crimes de LGBTfobia, dentre diversos outros descumprimentos. Por esse motivo, é tão necessário termos parlamentares que defendam abertamente essa pauta no Congresso Nacional.
Eu pretendo trabalhar para criar essas leis, incorporar na Constituição o entendimento do STF quanto ao casamento homoafetivo, elaborar lei para a possibilidade expressa de adoção por esses casais, equiparar em dias o direito de licença maternidade e paternidade, promover a tipificação expressa do crime de LGBTfobia, adicionar na CLT a obrigatoriedade para que empresas contratem um número mínimo de pessoas LGBT, abater impostos para empresas que fizerem investimentos em associações regulamentadas que trabalhem no acolhimento de LGBT em situação de vulnerabilidade e incentivar a promoção de políticas públicas para associações LGBT, dentre outras necessidades do segmento.
Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população brasileira em geral?
Pretendo incentivar a renovação política a fim de que a juventude ocupe os espaços políticos de poder, pois a esperança de um país melhor está nas novas gerações.
Além da defesa dos LGBT, quero me empenhar na proteção das mulheres, agindo contra a violência e pela igualdade de salários e de oportunidades, sem distinção de gênero, identidade de gênero e orientação sexual.
Ainda, quero lutar pela reativação do Ministério da Cultura porque a cultura é legado que deve ser valorizado. Pretendo criar políticas públicas eficientes para o setor, fomentar também a economia criativa.
Também pretendo trabalhar na elaboração de leis que defendam o trabalho digno pra termos um mercado de trabalho consciente, visando o bom relacionamento e o respeito da pessoa humana.
Além disso, quero ajudar junto a outros parlamentares, cidadãos, ONGs e empresários conscientes a reascendermos a boa imagem do Brasil no cenário ambiental propondo leis de proteção e fiscalização e incentivando as empresas sustentáveis e lutando pela defesa dos povos originários.
Também pretendo trabalhar para a inclusão da substância canabidiol no Sistema Único de Saúde para garantir o acesso à saúde de brasileiros com doenças que necessitam de tratamento à base da substância.
Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
Trago propostas bem definidas quanto às principais necessidades da população LGBT+ para serem trabalhadas no Congresso Nacional, algo que até hoje não foi feito.
Infelizmente, essa pauta não é levada a sério, ignorando-se mais de 20 milhões de brasileiros que fazem parte dessa "minoria". Não podemos mais trabalhar de maneira repressiva, não é mais aceitável a inexistência de leis federais para o segmento.
Será um mandato bem diferenciado, pois, até hoje, nunca tivemos um empenho efetivo para a real aprovação desses direitos da população LGBT+. Foram apenas proposituras legislativas que "nadaram e morreram na praia", mas por qual motivo? Pois foram de autoria de parlamentares que não são LGBT, que não sentem na pele as dores do preconceito e que usam a pauta para agradar uma parcela do seu público e gerar mídia. Na hora de lutar pelos LGBT, esses deputados não querem ferir suas bases eleitorais, que não são formadas na totalidade por LGBT.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay São Paulo com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.