Primeira e única vereadora abertamente da comunidade LGBT de Campinas, Paolla Miguel é candidata pelo PT à deputada estadual por São Paulo.
Negra, bissexual e com 31 anos, Paolla é nascida em Campinas - terceira maior cidade do Estado - e formada em engenharia da computação.
Dentre suas propostas estão a ampliação do programa paulistano Transcidadania - que virou modelo de inclusão de pessoas trans na América Latina - para todo o Estado.
Paolla aponta que sua própria existência na política - formada principalmente por homens brancos, ricos e conservadores - já é um diferencial.
Abaixo, conheça um pouco mais da candidata:
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que São Paulo avance nesse campo?
Embora o Brasil garanta sim alguns direitos para a população LGBTQIAPN+, como a união civil e o nome social para pessoas trans, esses direitos só foram garantidos por decisões da Justiça, em geral referendadas pelo Superior Tribunal Federal (STF).
A Constituição brasileira não garante nenhum direito especificamente para a população LGBTQIAPN+. As leis estaduais também são muito brandas e genéricas.
Como deputada estadual, farei a defesa do projeto Transcidadania no nosso Estado. Esse é um programa que funcionou na capital e que tem todas as condições para ser ampliado para todas as cidades de São Paulo. Ele tem como objetivo dar dignidade para pessoas trans em situação de vulnerabilidade social por meio da educação profissionalizante.
Sou vereadora em Campinas, a 1ª abertamente LGBT da história da cidade. Aqui, já apresentamos o Transcidadania, que deve ser votado no próximo período.
Também farei a defesa enfática de um Programa Estadual de combate à LGBTfobia nos espaços públicos, além de ser vigilante nas ações do governo estadual no que diz respeito aos diretos da comunidade LGBTQIAPN+.
Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população paulista em geral?
Defendo um projeto popular, calcado na luta por justiça social, antirracista, feminista e em defesa da comunidade LGBTQIA+.
Dentre nossas principais bandeiras estão a defesa da educação pública, com valorização do professor; a construção de leis e políticas de combate ao racismo; a transição ecológica para uma economia verde e menos poluente; o antiproibicionismo, pela legalização da cannabis e contra a guerra às drogas.
Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
A minha existência na política já é bastante diferente da política tradicional. Sou uma mulher negra, bissexual, nascida e criada na periferia de uma grande cidade.
Hoje, o perfil mais comum da política é de homens brancos, ricos ou de classe média alta, conservadores. Dito isso, faço política olho no olho, dentro das comunidades, ouvindo para construir políticas públicas que façam sentido para a população.
Temos um projeto chamado #GabineteNaRua, em que visitamos diferentes pontos da cidade, uma vez na semana, justamente para ouvir as necessidades da população. Acredito que a política precisa ser democrática e participativa. Construída a muitas mãos. Esse é nosso jeito de fazer política.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay São Paulo com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.