Brasil ganha coletivo Pais pela Diversidade, voltado aos homens

Grupo faz parte do Mães pela Diversidade e será coordenado por Washington Pereira

Publicado em 28/11/2018
Pais pela Diversidade: Washington Pereira coordena grupo criado por pais de gays no Mães pela Diversidade
Vitor e Washington: relacionamento entre pai e filho nunca foi tão bom e carinhoso como agora

A paternidade tem inúmeros desafios. Além de compromissos básicos, como os de alimentar e educar, os pais precisam lidar com questões que surgem no decorrer da vida de seus filhos.

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E quando o filho ou a filha é gay, lésbica, bissexual ou trans? A grande maioria dos pais não está preparada para lidar com a orientação sexual ou a identidade de gênero que saem da norma. 

E para que eles tenham apoio nessa jornada, o Brasil ganhou grupo específico, o Pais pela Diversidade, exclusivo para homens. 

O novo passo tem história. Os pais estavam iam às reuniões do coletivo Mães pela Diversidade, criado por Maju Giorgi. A coordenação do segmento masculino seerá de Washington Pereira, que soube há três anos que seu filho, Vitor, 24, é homossexual.

"Foi uma grande surpresa porque ele sempre havia tido relacionamentos héteros, namorou uma menina do tempo de escola por quatro anos, depois outras", lembrou Washington, que é gerente comercial, ao Guia Gay São Paulo.

A saída do armário foi feita durante almoço em família. Vitor já havia contado à irmã e à mãe e disse ao pai, a princípio, que era bissexual. "Meu mundo caiu. Tomei uma ducha e chorei, com aquela coisa confusa na minha cabeça."

Washington diz que a sua própria reação sobre a revelação foi o que o deixou mais frustrado, já que ele sempre teve amigos gays, o colega de trabalho mais próximo era homossexual e um sobrinho também é.

"Eu pirei e me pensei 'sou homofóbico'. Porque eu aceitava todo mundo, achava que não discriminava ninguém, mas não sabia lidar com a ideia do meu próprio filho", disse. Vitor, aos poucos, foi se abrindo mais e contou 'que não era bem bi', era gay mesmo.

"Claro que eu não ia expulsá-lo de casa. Nós nunca fomos tão próximos, ele sempre foi mais apegado à mãe", conta. "E eu simplesmente convivia. E conviver não é aceitar. Mil sentimentos passaram por mim, mas o principal deles era o sentimento de vergonha."

Quando Vitor, que estudava e trabalhava do outro lado da cidade, se mudou para evitar o trânsito diário (a família mora em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo), o relacionamento de pai e filho ficou ainda mais distante. Foi aí que Washington percebeu que estava perdendo o filho e resolveu procurar ajuda.

Na internet, ele encontrou o Mães pela DIversidade. Quando comentou com a mulher, soube que ela já pertencia ao grupo há um ano. O assunto era tão pouco discutido em sua casa que Washington não sabia.

Ele foi à uma primeira reunião do grupo junto da esposa e passou a encarar a questão com outros olhos. "Comecei a interagir com as mães e entrar mais no mundo LGBT e entendendo a causa pela qual elas lutavam", lembra."Nisso, eu fui me reaproximando mais do Vitor".

Na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo de 2017, Washington desfilou no trio elétrico do Mães pela Diversidade. "Èramos eu e mais três pais num caminhão lotado de mães. E eu vi o quanto LGBT que viam o caminhão passar, o quanto muitos deles eram carentes de afeto. Me emocionei várias vezes na parada", recorda.

"Comecei a entender que não era só a causa do meu filho, era uma causa muito maior. Meu relacionamento com o Vitor foi ficando mais próximo. Eu vi que estava reconquistando meu filho. E vi que não era uma opção dele, ele sempre foi assim e se reprimiu."

Washington afirma que foi convivendo mais com as mães, entrando no 'mãetivismo', mas percebeu que os pais são poucos. "É difícil o pai sair do armário. Dizer 'eu tenho um filho gay', 'uma filha trans'. Visitei a Casa 1, o projeto Florescer, conhecer as trans que estavam na rua, saber da dor, da violência."

Em uma reunião no último dia 15, Washington diz que Maju anunciou a criação do Pais pela DIversidade, que ficará sob coordenação dele. "A ideia da Maju é trazer mais pais, é eu contar minha experiência e como tudo aconteceu."

Além de um pai presente e ativista, Washignton também foi cupido. Em uma foto que ele postou junto à família na parada em um grupo de Facebook, um rapaz comentou que gostaria que ele fosse seu sogro. "Pra quem não queria nem falar sobre isso, me vi arrumando namorado pro meu filho", diz. O filho e o rapaz começaram a conversar e hoje estão namorando.

"O projeto dos Pais pela Diversidade ainda está iniciando. É mostrar que o amor que você sente pelo seu filho é o que importa, o quanto a presença do pai é importante. Os pais precisam sair do armário, se mostrar. É aceitar a diversidade, não apenas conviver."

Interessados em participar ou ter mais detalhes sobre o grupo podem entrar em contato pela página do Mães pela Diversidade no Facebook clicando aqui.


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