Candidata a deputada federal pelo Cidadania por São Paulo, a advogada Márcia Rocha coleciona inedistimos e luta pela comunidade trans.
Uma das fundadoras do Transempregos - reconhecida plataforma de empregabilidade para trans e travestis no País - Márcia foi a primeira pessoa a ter seu nome social legalizado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ela é empresária, tem histórico com o bairro de Santa Ifigênia - sua família construiu prédios e é proprietária de várias lojas na região - e aponta que sua preparação no mundo corporativo e gestão de pessoas é um diferencial no seu futuro mandato.
Ao Guia Gay São Paulo, a advogada falou sobre outros projetos.
O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o Brasil avance nesse campo?
A primeira coisa é transformar em leis os direitos conquistados no Poder Judiciário. Além disso, deve-se investir em educação, que é forma de fazer com que os jovens, as crianças de hoje, que são os adultos de amanhã, estejam mais preparados para a diversidade.
Para isso é necessário preparar os docentes. Dentro do Ministério da Educação deve-se fazer ação afirmativa de capacitação para que o professorado seja preparado para lidar com a diversidade e reprima o machismo, o racismo, a LGBTfobia, o preconceito com pessoas com deficiência etc
Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população em geral?
Deve-se fortalecer o SUS, que se mostrou essencial e é exemplo no mundo inteiro. Nós precisamos melhorar o SUS porque ele ainda tem muitos problemas com relação a atendimento.
Eu tenho ouvido muitas reclamações, de muitos municípios, com relação às UPAs. Precisa haver maior investimento no SUS como um todo e preparação também para lidar com as diversidades humanas.
O Brasil é um dos países mais diversos do mundo, então, nós precisamos dar atenção a isso e parar de achar que tudo é uma questão de capitalismo, de socialismo, porque não é.
Isso é uma questão que tem que ser focada no problema e não em achar desculpas para o mau funcionamento das estruturas.
Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
Meu mandato, em primeiro lugar, vai ser um mandato honesto, o que é muito raro hoje em dia.
Eu não fiz mal uso do dinheiro de campanha. Eu tenho visto isso acontecer em outras candidaturas. Vejo muito as pessoas me oferecendo coisas "erradas", para dizer o mínimo, e dizer "Ah, mas todo mundo faz". Eu escuto isso todos os dias!
Eu não faço, nunca fiz e nunca vou fazer. Seja com verba de emenda, seja com outras negociações.
Serei contra qualquer tipo de emenda secreta, de relator, eu serei totalmente contra sempre.
Eu prezo sempre pela correção, pela visibilidade, do que é constitucional! Vou lutar contra os desvios e mal-feitos que existem nesse País, que fazem com que o dinheiro não vá para onde deveria ir. Isso não é mera retórica, eu vou fazer isso de verdade.
Dentre outras coisas, eu acho que sou preparada para a negociação, eu sou capacidade para lidar com os adversários que terei, mas lidar de forma respeitosa, tentando trazer alguns para o nosso lado, o que acho que consigo fazer e mostrei isso nas empresas para trazer empregos e demonstrei isso na OAB sendo conselheira seccional. Eu acho que sou preparada e acho que isso é o meu diferencial.
Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay São Paulo com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.
