Não, não é fácil colocar na rua a maior parada LGBT do mundo! Ainda mais para um coletivo ativista, que não tem formação para captar patrocínio, cuidar da logística e da produção de um dos maiores eventos do mundo.
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Tudo muito suado! E recompensador! As conquistas sociais, políticas, identitárias e no mercado provocadas direta ou indiretamente para Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é lista sem fim à vista.
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Em 2018, eis que foi realizada a 22ª segunda edição da marcha (a segunda mais antiga do Brasil).
A estrada percorrida garante muitos acertos, mas não evita alguns erros. Eis a análise do Guia Gay São Paulo sobre esta edição!
Acertos
1) O tema - Poder para LGBTI+. Nosso voto. Nossa voz - foi muito adequado! Em 2018, o Brasil passará por eleições gerais. Apesar de o País ser um dos mais avançados do mundo em direitos LGBT, políticos e partidos reacionários estão com fome de impedir evoluções e aplicar retrocessos. O chamado para mostrarmos nas urnas nosso poder é urgente!
2) A soma com grandes empresas. Aqui está fruto que a própria marcha plantou há mais de duas décadas. Tal interesse não existia nos anos 90 e 2000 de forma geral. Agora a lista já aumentou significativamente. E os ganhos são do público, da parada e da causa.
3) A visibilidade massiva do tema no trajeto. Todos os trios elétricos, vários postes exibiram a arte do evento, com uma urna eletrônica e o slogan. Garantia de que milhões puderam tangibilizar a mensagem cidadã que a parada deseja e precisava transmitir.
4) Tchaka ser a apresentadora da marcha. Com discurso ativista atualizado, figurinos impecáveis e muito profissional, a drag queen mostra-se à altura de estar à frente do evento tão importante. Apenas pode dispensar a ordem para que o público "pesquise no Google" algum termo importante para o ativismo. Educar é fundamental sempre!
5) O respeito à data. Virou lei: no feriado do Corpus Christi, LGBT do Brasil todo vão se encontrar em São Paulo. Pode-se comprar a passagem já nos dias seguintes para o ano que vem e, quem mora na capital, planejar não sair da cidade. O turismo agradece (e engrandece o evento)!
6) Realização da Feira da Diversidade. O custo é alto, e este ano houve risco de não conseguir realizá-la. Mas a Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo insistiu e conseguiu dar esse grande evento ao público.
7) Trios elétricos bem decorados e animados. Sim, a parada é visual também e os trios estão lá para cumprir esse papel. Em 2018, estiveram todos coloridos, com banners bem elaborados, e com muita gente que faz jus ao privilégio que é estar lá em cima. Entende-se: animar os milhões que fazem a manifestação no chão.
Erros
1) Programação pobre. Não houve debates sobre o tema, com mesas e rodas de conversa; a parte cultural inexistiu. A organização disse ter preferido diluir os eventos ao longo do ano. Pensamento errôneo. A semana da parada congrega pessoas de todo o Brasil. O foco deve ser aí.
2) Feira da Diversidade com palco pequeno. Uma involução de 2017 para este ano está aí. Ao contrário da edição anterior, o palco foi pequeno, difícil ver as atrações de longe. Questão orçamentária deve ser o motivo. Bom, fica a sugestão de cobrar pelo menos R$ 2 de entrada, se assim a Prefeitura permitir. O dinheiro daí pode completar o que falta para haver um palco digno da grandiosidade do evento. Ah, os estandes estavam mal decorados e alguns nem tinham ocupantes. Isso puro erro da organização mesmo!
3) Direção artística errática. Pelo segundo ano consecutivo, a função foi dada ao estilista Heitor Werneck. De uma primeira atuação interessante, houve em 2018 descréscimo. Além de Werneck não se conectar de forma satisfatória com a razão de ser de um parada LGBT, que é dar visibilidade a essa causa em primeiro lugar, - ele prefere falar de cultura de forma geral -, se algo foi planejado para estar na rua, em performances, nada foi visto. Insistir em atrações ao nível do asfalto, no modelo de parada brasileira, é gastar energia à toa.
4) Falta de divulgação de cunho turístico. Tem de ser um objetivo sempre a ser perseguido reforçar a divulgação da parada para atrair viajantes nacionais e internacionais. Tal fortalece o evento tanto do ponto de vista identitário, quanto político e econômico. E a parada ser vitrine para a cidade, dona de um dos maiores roteiros LGBT do mundo.
5) (Ainda) a ausência das casas gays com trios elétricos no evento. Aqui não é caso de procurar culpados, mas de apenas lamentar que casas e realizadores não voltem aos tempos em que a parada era feita também com os locais que constroem a cena gay da cidade. Valor alto cobrado para estar no evento? Descompromisso com a parada? O ponto é levantado aqui apenas para dizer que faz falta! Se isso ajudar a poder mudar a situação, que bom!
Ps.: ah, sim, a bandeira do evento, que abria a parada e com dezenas de metros, não trouxe as seis cores oficiais da bandeira LGBT, mas sim, sete, com uma faixa a mais - rosa. Um desrespeito gigantesco ao movimento. De tão grave, o assunto será tratado em reportagem específica.