DJs falam da revolução e do legado da The Week na noite gay

Artistas falam do quanto o clube, encerrado ontem, elevou a qualidade do entretenimento e marcou gerações

Publicado em 17/09/2021
Renato Cecin, Zambianco, Filipe Guerra e Paulo Agulhari: DJs da noite gay falam sobre fim da The Week
Filipe Guerra, Paulo Agulhari, Renato Cecin e Zambianco fizeram parte da história do clube

Por Marcio Claesen

A expressão "fim de uma era" saiu do meme e virou realidade com a notícia do encerramento das atividades da The Week São Paulo, anunciado na noite da quinta-feira 16.

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A reverberação se justifica. Criado em 2004, o clube de André Almada se tornou em poucos meses febre dentre paulistanos e turistas, e estabeleceu novo parâmetro para o entretenimento voltado a gays no País.

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Com estrutrura jamais vista, o local se tornou o favorito dentre sarados (na época, ainda se chamavam "barbies"), mas ainda que esse segmento fosse maioria, sempre atraiu diversos tipos de pessoas, incluindo mulheres e homens héteros e outras tribos de gays.

O "culto ao DJ", que na noite gay brasileira nasceu com o Massivo, no início da década de 1990 (salve, Mauro Borges!) chegou ao seu ápice, já que dentre tantos pontos de excelência da casa da Lapa, o comandante da cabine sempre foi um dos mais valorizados.

Nomes de todo o País e do mundo passaram pelas pick-ups da The Week e atraíam multidões, fosse em sábados rotineiros ou em eventos especiais. 

O Guia Gay São Paulo pediu depoimento de quatro desses artistas que comandaram muitas noites na casa para falar sobre a importância do clube em suas carreiras e para o entretenimento gay. 

Filipe Guerra

Filipe Guerra: DJ fala sobre fim da The Week

"Nunca esqueço da minha primeira apresentação. The Week São Paulo. Março de 2009. Tinha acabado de lançar Brand New Day, e junto com a Lorena Simpson fizemos um show.

O André (Almada) imediatamente perguntou se eu queria ser residente, Eu, sem acreditar, aceitei na hora. Desde então, foram centenas de noites felizes e momentos especiais.

Eu tenho gratidão e imenso carinho por ter feito parte dessa marca e desse lugar que marcou uma geração e uma mudança na cultura LGBT+ mundial. Muitos amigos e muitos momentos para minha história."

 

Paulo Agulhari

Paulo Agulhari: DJ fala sobre fim da The Week

"Eu sempre digo que existiu uma cena antes e outra completamente diferente depois da chegada da The Week. Foi um divisor de águas na noite de São Paulo. Poucos clubs ofereciam um serviço bacana dentre atendimento, sistema de som e iluminação.

E com a abertura do clube, em 2004, a cena mudava mais uma vez. A forma de receber e de entreter da TW fez com que todos os clubes já existentes elevassem o padrão de entreter também. Isso foi muito bom para o público e para nós profissionais.

Entre idas e vindas, eu passei um bom tempo por lá e foram noites memoráveis, shows espetaculares e muitas apresentações de grandes DJs do mundo todo. Certamente marcou época e deixou uma grande história na cena de São Paulo."

 

Renato Cecin

Renato Cecin: DJ fala sobre fim da The Week

"A The Week chegou como um meteoro. Em questão de meses, arrebatou a preferência do público descolado, bonito e moderno com uma proposta atualizada. Sem interferências no transcorrer da noite e em um espaço com uma área externa nunca antes proporcionada por nenhum outro club. Veio com 'swing' brasileiro e a maior capacidade de transformação e reinvenção já vista.

Todos os maiores nomes da música eletrônica por ela passaram. Seu time de DJs residentes era inquestionável e inconfundível em estilo e competência. Foram carinhosamente nomeados como 'angels'. Em pouco tempo, a The Week era reconhecida como melhor club gay do mundo.

Era divertida, moderna, bonita, um universo à parte. Um universo perfeito. Conquistou o planeta em festas intinerantes e tornou-se referência de diversão do Brasil para o mundo.

Era alegria, cenografia, luz , som, liberdade e satisfação garantida. O tempo passou. Os seus fiéis seguidores sempre a acompanharam e essa magia seguiu até que uma interferência, maior do que qualquer coisa que pudéssemos imaginar, fez com que o mundo parasse.

A TW precisou parar também! Klaus Pian e André Almada, idealizadores e regentes desse 'império' da diversão foram resistentes e seguiram até onde puderam… Não gosto de falar sobre 'finais', mas eles existem e acontecem … E aconteceu com a 'matriz' paulista.

Prefiro, então, falar das festas, momentos, carnavais, eventos, festivais e do brilho que sempre estará nos olhos de quem se lembrar da The Week São Paulo. Agradeço por ter feito parte disso tudo desde o início até 'agora'. Obrigado, The Week, nunca vamos esquecer."

 

Zambianco

Zambianco: DJ fala sobre fim da The Week

"A música sempre foi meu espaço de expressão mais forte, onde vencia meus medos, ansiedades, frustrações... Nela, está retratado minha imagem, sem as vergonhas, os pudores, os julgamentos, tornando-se o melhor espaço pra poder ser eu mesmo.

Quando pude levar minha arte pra The Week, não estava apenas levando pen drives carregados de músicas, mas sim sentimentos, emoções, sonhos, superações, intensidades.

A representatividade daquele lugar pra mim, vai muito além de um espaço de entretenimento e sempre vai me despertar o sentimento que sonhos podem, sim, acontecer. Resumindo pra mim, a The Week SP me proporcionou magnífica coleção das melhores lembranças. Hoje meu sentimento é de gratidão!"

 

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