Após mais de 8 anos, clube gay Hot Hot fecha as portas

Flávia Ceccato diz que a crise afetou o espaço, que nasceu para ser continuação do Lov.e e foi abraçado pela comunidade arco-íris

Publicado em 01/03/2018
Hot Hot, clube gay da Bela Vista, fecha as portas em São Paulo
Com cores quentes, clube cravou seu nome na história da cena LGBT paulistana

A Bela Vista ficará menos "quente". Um dos clubes LGBT mais famosos desta década, o Hot Hot fechará as portas.

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"O motivo do fechamento é que entendemos que tudo tem seu ciclo. Foram mais de oito anos de história. Dever cumprido", explicou a próprietára, Flávia Ceccato, ao Guia Gay São Paulo.

"Claro que a crise nos afetou, como afetou a todos. Mas ter a certeza da finitude é bastante tranquilizador", esclarece. "O Hot teve um papel de acolhedor. Num país preconceituoso como o nosso, ter um espaço onde você sabe que pode ser você mesmo, sem sofrer represálias alguma, representou bastante na vida de parte dessa comunidade. Espero que eles continuem sem medo, conquistando seu espaço."

Aberto em novembro de 2009, o Hot Hot tornou-se point, a princípio, da galera moderna, e depois estabilizou-se com um público bastante jovem, por volta de 20 anos, que formava extensas filas na Rua Santo Antônio.

Com cores quentes e vibrantes e ambientação caprichada, o clube serviu de cenário para produções de TV, como a novela Ti Ti Ti(2010).

A Plastika, que já existia antes de ir para o clube, tornou-se, nos últimos seis anos, sua festa mais famosa, e ela que terá a honra de fechar o ciclo. Neste sábado 3, a partir de 23h55, realiza-se sua última edição (Mais informações clique aqui em nossa Agenda).

Ceccato já tem legado na noite LGBT paulistana. Em 1997, ela abriu a B.A.S.E., boate que ficava em um extinto hotel, o Danúbio, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, e deu vida a uma região bastante degradada.

Pouco depois, em 1998, criou o Lov.e, e fez algo impensável: levou os gays ao reduto mauricinho por excelência da capital paulista, a Vila Olímpia. O clubinho, que misturava LGBT com héteros, ferveu até 2008.

"O Hot também não surgiu como clube gay, era para ser uma continuidade do Lov.e, focado em música eletrônica, mas a noite é orgânica e ele foi tomando sua forma nesse segmento. Nós só demos suporte para que ele se fortalecesse aqui dentro", diz Flávia.

A empresária diz que, no momento, não há planos para nova empreitada na noite.


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