Boato sobre 7 gays desaparecidos não é confirmado pela polícia

No X, há postagens sem dados sobre serial killer e até 7 casos de desaparecimento de gays

Publicado em 29/04/2024
largo do Arouche gay assassinato desaparecimento
Deve-se ter responsabilidade ao compartilhar informações sem confirmação para não gerar pânico

Nos últimos dias, o X foi tomado por postagens em tom especulativo ou afirmativo, mas sem provas, que criaram a ideia de haver série de desaparecimentos e mortes de gays vistos pela última vez no Largo do Arouche, uma das regiões gays de São Paulo.  

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As narrativas foram várias: sete homossexuais desaparecidos em poucos dias em abril, ataque de grupo religioso, serial killer e até a existência de um homem que estaria matando passivos para fazer filme. 

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O clima de pânico ganhou repercussão inclusive no ativismo, com ação da Associação dos Advogados e Operadores de Direito Gays e Bissexuais (Advogay).  

As postagens ganharam força com a descoberta da morte do publicitário Yuri Castro, 23 anos, na quarta 24.

O último registro que se tinha dele era sua suposta fuga do Hotel Chilli, no Largo do Arouche, na madrugada da segunda 22.

Ele foi resgatado na manhã do mesmo dia por uma UPA em região próxima, em Santa Ifigênia, e morreu pouco depois em uma unidade de saúde. 

Esse fato pareceu dar base para algumas das teorias ventiladas sem nenhuma responsabilidade no X. Entretanto, o caso pode justamente derrubá-las. 

A ideia de serial killer, até agora, não se aplicaria ao caso de Yuri. Não se sabe ainda se houve assassinato no caso do publicitário, se há outros homicídios e se ainda há mortes vinculadas à orientação sexual das vítimas. 

De acordo com reportagem do G1, o boletim de ocorrência registra como causas prováveis da morte hipoxemia (falta de oxigênio no sangue) e choque hipovolêmico (perda, em grande quantidade, de líquidos e sangue). A polícia fará investigação como homicídio, mas detalhes não são revelados.

De toda forma, não há registro de séries de assassinatos de gays sumidos na região. Os boletins de ocorrência, ao contrário, derrubam inclusive a ideia de ter havido o desaparecimento de sete gays. 

Até o sábado 27, a polícia continuou a informar à imprensa ter havido registro de apenas um sumiço naquelas condições nos últimos dias. E era justamente o caso de Yuri Castro. 

O número, por ora, pode subir apenas a dois se se confirmar que um desaparecimento registrado no dia 19 se tratar de um homossexual. 

A Secretaria de Segurança Pública divulga que um homem de 36 anos deixou de responder a contatos de conhecidos depois de se envolver em briga em casa noturna no centro da cidade. 

O final aí foi positivo. O cidadão foi encontrado no Conjunto Hospitalar do Mandaqui e voltou para casa. Ele disse não se lembrar o que ocorreu, afirma o órgão governamental. 

Importante sublinhar que sempre é necessário ter cuidado com quem se encontra e os lugares em que se anda sozinho, por exemplo. 

O Largo do Arouche está na região central de uma grande cidade e apesar de ter registrado em 2023 o menor número de homicídios desde 2000 e do Estado de São Paulo possuir o menor número desses crimes per capta no Brasil, ainda é lugar no qual se deve ter atenção sobre segurança. 

Como evitar o pânico sem fundamento
O comportamento nas redes sociais é importante para não dar vazão a teorias irresponsáveis tais como essa ocorrida nos últimos dias em São Paulo. Aqui algumas formas:
- Quando ler um relato de alguma morte ou desaparecimento, tente saber com o autor do post nome da pessoa, situação do ocorrido, se foi registrado na polícia. Sim, é importante confirmar para saber se a pessoa que afirma realmente tem base para fazê-lo e para apurar se os vários relatos não se tratam do mesmo caso. 

- Se a informação não passar pelo filtro anterior, não a repasse adiante! Difundir algo sem fundamento é distribuir fake news! E também não vale o "ouvi dizer". Você pode ter ouvido, visto uma mentira, um boato, coisas que não merecem ganhar projeção por justamente serem informação sem base real. 

 

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